
Eventual irregularidade na relação entre Frederick Wassef, advogado que defendeu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e o grupo JBS – empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista -, pode revogar os benefícios da delação premiada concedidos aos ex-executivos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurou um procedimento para apurar suposto pagamento de R$ 9 milhões feito pela JBS a Wassef, entre 2015 e 2020.
Os documentos foram recebidos pelo Ministério Público do Estado do Rio. Aras vai solicitar ao MP do Rio acesso a essas informações. “Eventual irregularidade poderá reforçar os indícios de omissão nos acordos de colaboração premiada dos executivos da companhia”, informou a PGR.
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De acordo com o Estadão, no segundo semestre do ano passado Wassef manteve reunião com o então coordenador dos processos relacionados à Lava Jato, o subprocurador-geral da República José Adonis Callou, na PGR. A quebra do acordo de leniência com o grupo empresarial teria motivado a reunião.
Callou confirmou o encontro, mas disse que a conversa foi rápida.
“A conversa foi rápida, pois o advogado não tinha procuração para o caso que desejava tratar. Disse que apresentaria, mas não retornou. A conversa foi somente essa”, respondeu ao ser questionado pelo Valor.
Em nota, Wassef afirma não ter representado a JBS, no que tange o assunto. “Dentro das minhas competências como advogado, não atuei junto à PGR em nome da JBS no final de 2019 conforme noticiado”, afirmou Wassef em nota.
A PGR esclareceu que o procurador-geral da República, Augusto Aras, não participou de contatos que trataram de eventual proposta de repactuação do acordo da JBS com envolvimento de Wassef.
A JBS informou, em nota, que “os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial e esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão de notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019”.
As delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, ratificadas em 2017, aguardam decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à necessidade ou não de rescisão. A análise ocorre mediante indícios de omissões por parte dos colaboradores. Nos autos, Aras já se manifestou contra a possibilidade de uma renegociação com os infratores.
Confira íntegra da nota da JBS:
“A JBS esclarece que o escritório de advocacia mencionado não representa nem se manifesta em nome da Companhia junto à PGR. A empresa informa que os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial e que esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019. Os valores e detalhes do contrato são protegidos por sigilo legal. A Companhia mantém um processo de auditoria de fornecedores, os quais são submetidos a due diligence e à aprovação da área de Compliance, o que também se aplica ao caso em questão. Esse processo realizou, ao longo do ano passado, 9.486 análises de forma independente e sistêmica e os casos não conformes foram bloqueados”.
Com informações do Estadão e Valor
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