
Nesta segunda-feira (22), o alto escalão da farmacêutica Pfizer disse em uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e também com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que não aceita as condições feitas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que possa vender sua vacina contra a Covid-19 para o Brasil. As informações são da coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.
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A Pfizer quer que o governo brasileiro seja responsabilizado por eventuais processos por efeitos adversos do imunizante, além de ter solicitado que todos os litígios com o Brasil sejam resolvidos na Câmara Arbitral de Nova Iorque.
A farmacêutica também pediu que o governo abra mão da soberania de seus ativos como garantia de pagamento, além de criar um fundo em uma conta no exterior.
Além do Brasil, Venezuela e Argentina também não aceitaram as cláusulas. Também participaram da reunião os diretores da Johnson & Johnson, que pretende vender a vacina Janssen para o país.
Novela da vacina
A crise é mais um capítulo da “novela” protagonizada pelo governo de Jair Bolsonaro na compra de vacinas para conter a pandemia da Covid-19.
Em janeiro deste ano, por meio de nota, a pasta de Pazuello reconheceu ter recusado tentativas iniciais da Pfizer de avançar nas negociações sobre a oferta de vacinas, afirmando que um acordo com a empresa “causaria frustração em todos os brasileiros”. A Saúde ainda insinuou que a gigante farmacêutica buscava “marketing” na negociação e indicou pontos que, na visão do governo, pesaram contra o acordo.
Além da Pfizer, uma reportagem da revista Piauí expôs que o governo de Jair Bolsonaro recebeu três ofertas do Instituto Butantan para comprar a CoronaVac, a vacina produzida em parceira com a farmacêutica chinesa Sinovac. A primeira oferta, feita em 30 de julho informava que o instituto tinha condições de fornecer “60 milhões de doses da vacina a partir do último trimestre de 2020”.
Investigado pela condução do enfrentamento da pandemia da Covid-19 e pressionado pela escassez de vacinas que já paralisou a imunização em pelo menos nove capitais, Pazuello apresentou, na semana passada, um cronograma de vacinação que incluiu a entrega de imunizantes ainda não contratados ou aprovados para uso no Brasil, como é o caso da Sputnik e da Covaxin, e ignorou atrasos, como a demora na chegada dos insumos para a produzir a Coronavac.
Com informações da Folha de S. Paulo