
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o vazamento de depoimentos sigilosos enviados à CPI da Pandemia. Os depoimentos fazem parte de duas investigações em curso na PF. Uma sobre a suspeita de prevaricação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a outra sobre a compra da Covaxin.
Não foi definido ainda os alvos da operação e a unidade da PF onde será a realizada a investigação. As informações do jornal O Globo.
Informações enviadas à CPI
As duas investigações foram enviadas pela PF à CPI, após requerimento da comissão. Em nota, a PF afirmou que enviou a íntegra dos dois inquéritos e os depoimentos de oito pessoas gravados em vídeo e sem qualquer edição.
“Em obediência às disposições processuais penais e com o objetivo de resguardar o andamento das investigações, a Polícia Federal solicitou à comissão parlamentar o necessário sigilo das oitivas”.
A nota diz ainda que “a PF determinou abertura de investigação para apurar o vazamento dos inquéritos e depoimentos”.
Veículos revelam trechos de depoimentos
O GLOBO revelou ontem trechos do depoimento do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) à PF, no qual ele relatou uma conversa com o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Nesse diálogo, segundo Miranda, Pazuello teria relatado uma pressão do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) para a liberação de emendas a municípios aliados.
Posteriormente, outros veículos de imprensa também divulgaram vídeos dos outros depoimentos tomados pela PF nos inquéritos.
Senadores criticam investigação da PF
Alguns senadores da CPI reagiram à abertura da investigação pela PF.
“Temos que dar uma basta nisso”, disse Fabiano Contarato (Rede-ES).
“A Polícia Federal não abriu inquérito no caso Precisa. Só abiru quatro meses depois por causa da CPI. A Polícia Federal manda para cá depoimentos incompletos, com suspeita de edição, conforme denunciado aqui pelo senador Rogério Carvalho. O ministro da Justiça, eu acho que deve ser chamar Anderson Torres. Não consta que ele se chama Franz Gürtner [ministro da Justiça nazista]. Então o ministro da Justiça, no alvorecer dessa CPI, dá uma entrevista intimidando, dizendo qual investigação deveria ocorrer aqui. Isso equipara-se a transformar a honrosa Polícia Federal em polícia política. Eles tenham claro”, acrescentou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Mais cedo, Rogério Carvalho (PT-SE) reclamou que alguns documentos vindos de órgãos do Executivo estão incompletos e citou uma reportagem do portal “Metrópoles” que dizia que um vídeo do depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello enviado pela PF à CPI tinha edições. A PF, em nota divulgada nesta quarta-feira, disse que encaminhou a íntegra dos oito vídeos com a gravação de depoimentos.
“É gravíssimo e, como disse, pode sinalizar a utilização de instituições de Estado brasileiro para o aparamento de grupos cujos interesses não se coadunam com os objetivos da nação. Solicito imediatas providências desta comissão e do Senado Federal visando ao esclarecimento destes fatos. Solicito especialmente a requisição da integralidade das informações de interesse desta comissão, acompanhada das devidas justificativas para o envio”, disse.
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A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que presidia a sessão, respondeu que “o requerimento e os encaminhamentos serão feitos de forma imediata à Polícia Federal”.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, a PF disse que encaminhou a documentação completa.
Com informações do O Globo