
Desde que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que mudaria a presidência da Petrobras, a estatal já sofreu uma desvalorização de R$ 100 bilhões em dois pregões consecutivos, na sexta-feira (18) e na manhã desta segunda-feira (22).
O montante de perdas acumuladas até agora é quase o dobro do valor que a própria Petrobras declarou em danos causados pela corrupção e que foram revelados pela Operação Lava Jato, em 2014. Na época, a empresa estimou o prejuízo de R$ 50,8 bilhões – R$ 6,2 bilhões com propinas e outros R$ 44,6 bilhões com investimentos nos projetos investigados na força-tarefa.
Gestores e analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico avaliam que o presidente está testando, ao limite, a governança da estatal e que a incerteza só aumenta com essa postura mais conflitiva.
A possibilidade de mudança na companhia foi informada durante a tradicional live do mandatário, realizada semanalmente, na noite de quinta-feira (17). Na noite de sexta-feira (18), Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco na presidência da estatal.
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Para que a troca anunciada por Bolsonaro na presidência da Petrobras seja concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da empresa, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23).
A companhia saiu de um patamar de R$ 383 bilhões no fechamento de quinta-feira, logo antes do estouro da crise, e agora está sendo negociada a R$ 283 bilhões – um tombo de 25% em seu valor de mercado.
Não está afastado o risco de que o recuo dos valores das ações da Petrobras aumente ainda mais, pois continuam sofrendo com uma onda de vendas dos investidores.
A fala do presidente da República deflagrou uma crise de governança na empresa. Além de ter agravado preocupações sobre a independência da companhia e sua política de preços, que acompanha as cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional.
Bolsonaro x Crise na Petrobras
Na manhã desta segunda-feira (22), em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente Bolsonaro provocou: “O petróleo é nosso? Ou é de um pequeno grupo no Brasil?”
O chefe do Executivo afirmou ainda que a atual política de preços da Petrobras atende aos interesses de “alguns grupos do Brasil”, criticou a atuação do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e disse que a Lei de Responsabilidade Fiscal prevê que, em estado de calamidade, a companhia deve “olhar para outros objetivos”.
Com informações de G1, O Globo e Valor Econômico