
Não são raros os relatos de brasileiros constrangidos por empregadores a estarem nos locais de trabalho sem nenhuma proteção individual durante a quarentena. Para denunciar isso, um grupo criou o perfil no Instagram “coronacapitalismo”, a partir do qual trabalhadores podem denunciar empresas que estão violando direitos.
Mesmo com as medidas de redução da circulação e aglomerações para evitar o avanço do contágio pela covid-19, muitos proprietários de grandes empresas não abrem mão de multiplicar os lucros.
Esse é o caso de empresas como Riachuelo, Havan e Cocobambu, primeiras a serem denunciada no perfil.
Nessa quarentena, a iniciativa #coronacapitalismo, que tem perfil no Instagram, Facebook e Twitter, propõe o engajamento de seus seguidores para impedir situações de violação, como a imposição de exposição ao contágio.
O perfil chegou a criar a campanha “Muro da Vergonha” para expor marcas que, mesmo diante da crise sanitária, forçam seus empregados ao trabalho sem proteção adequada.

Criado na segunda quinzena de março, período em que os primeiros casos da doenças começaram a surgir no Brasil, o @coronacapitalismo alcançou mais de 30 mil seguidores na primeira semana no Instagram. Hoje, o perfil é seguido por mais de 56 mil usuários.
“Em momentos de crise acontecem todos os tipos de violações, principalmente com a população mais pobre. Em um período que a mobilização popular presencial está inviabilizada, precisamos de instrumentos virtuais para mostrar às empresas que não aceitaremos que mandem seus trabalhadores ao sacrifício em nome do lucro!”, diz trecho da primeira postagem do perfil.
Exemplo de ação politica criativa
A iniciativa do perfil ganhou notoriedade ao ser mencionada em evento da economia criativa como um exemplo da ação política inovadora por agir contra práticas econômicas que atingem direitos trabalhistas.
Além de denúncias e informações sobre o mundo do trabalho na pandemia, as postagens do perfil trazem conteúdos que enfatizam a necessidade de se construir uma saída popular para a crise.
Ação espontânea
A página foi criada de maneira espontânea por pessoas anônimas de vários lugares do país que mantêm sob sigilo as identidades.
O anonimato, segundo os responsáveis pelo perfil, é uma estratégia de segurança para evitar represálias de grandes grupos econômicos que mantêm relações com a família Bolsonaro.
“Sabemos que os tempos que vivemos hoje não são fáceis. A própria família presidencial tem denúncias de envolvimento com as milícias e grupos de extermínio e sabemos que os grandes grupos econômicos também não são inocentes nas suas relações sociais. Sabemos que corremos riscos nesse momento ao enfrentar poderosos dessa forma, mas seguimos, pois acreditamos que é nosso dever diante da crise e para evitar um sofrimento ainda maior da população”, disse um dos colaboradores.
Com informações do Brasil 247.