
O novo ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, assumiu o comando da pasta recentemente, na última sexta-feira (10). Contudo, as suas declarações e posicionamentos polêmicos sobre questões sociais, resgatados de suas redes sociais, expõem um modo de pensar arcaico.
Há quatro anos ele falou à comunidade da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração sobre a importância da “vara da disciplina” para educar crianças de forma rígida.
Em vídeo recuperado neste sábado (11), Milton defende educar crianças “com dor“.
“A correção é necessária para a cura”, disse o pastor em um dos vídeos. “Não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves. Talvez uma porcentagem muito pequena de criança, precoce e superdotada, é que vai entender o seu argumento”, declarou. “Deve haver rigor, severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim: deve sentir dor”.
Advogado com formação em Teologia , Milton Ribeiro defende a “família e os valores“, o que fez com que ele fosse escolhido para liderar o ministério.
Após ser anunciado para o cargo, Ribeiro disse em mensagem aos amigos que acreditava ser a “hora de darmos atenção especial à educação básica, fundamental e ao ensino profissionalizante” e de “incrementar o ensino superior e a pesquisa científica”.
“O pedófilo está pensando que a criança está querendo alguma coisa com ele…”
Ribeiro, que já defendeu a adoção de “métodos severos” de aprendizagem, também minimizou o feminicídio ao falar do assassinato de uma adolescente de 17 anos por um homem de 33 anos, no interior de uma escola do Rio Grande do Norte, em 2013.
Segundo ele, uma das hipóteses para o crime era que a jovem poderia “ter dados sinais a ele de que estava apaixonada ou coisa do tipo”, “reproduzindo de forma involuntária” um comportamento sexual visto em programas de televisão.
“Ela pode ter dado sinais a ele que estava apaixonada ou coisa do tipo que ela aprendeu, está acostumada a passar, e o cara entendeu assim, só que não era nada daquilo. E a criança pode fazer isso. E o cara, o pedófilo está pensando que a criança está querendo alguma coisa com ele, mas o que ela está fazendo é uma replicação daquilo que ela vê de maneira indevida na tevê aberta”, afirmou Ribeiro no programa intitulado Ação e Reação, disponível no YouTube desde 2013.
Segundo reportagem do jornal O Globo, Ribeiro, que é pastor evangélico que possui doutorado em Educação, participou do programa como pastor convidado.
“Acho que esse homem foi acometido de uma loucura mesmo e confundiu paixão com amor. São coisas totalmente diferentes. Ele, naturalmente movido por paixão, paixão é louca mesmo, ele então entrou, cometeu esse ato louco, marcando a vida dele, marcando a vida de toda família”, ainda destacou sobre o caso da jovem.
“O que me preocupa é a erotização da criança, e a criança então com atitudes e com maneiras e trejeitos que ela vê e que ela imita provocando pessoas que entendem que a criança está querendo ter algum tipo de relacionamento com ela. Isso é uma porta aberta para tendências pedófilas que nós já vimos”, acrescentou Ribeiro.
Universidades: “Sexo sem limites”
O pastor também declarou, em outro vídeo publicado em novembro de 2018, que o existencialismo – filosofia que coloca o indivíduo como centro do pensamento – é algo que “estão ensinando na universidade” para incentivar uma “prática totalmente sem limites do sexo”.
A gravação original é de um culto da Igreja Presbiteriana, postado no canal Meditando na Sã Doutrina. No início da tarde de sábado (11), porém, de acordo com o Metrópoles, o material foi retirado do ar.
“Não importa se é A ou B, se é homem ou se é mulher, se é esse ou se é aquele, se é velho ou se é novo. Não interessa. O que interessa é aquele momento”, afirmou o pastor, ao acrescentar: “E tem mais. Se for feito com amor, tudo vale”, disse, de forma irônica. “Se você tem um sexo, tem sexo com seu vizinho que é casado, com a sua vizinha… mas é com amor, ‘no problem’, nenhuma dificuldade, foi feito com amor”, prosseguiu.
Veja:
O novo ministro do MEC, pastor Milton Ribeiro, diz que as universidades ensinam “sexo sem limites”. Vejam: pic.twitter.com/42cTpR7o4Y
— Guilherme Waltenberg (@Gwaltenberg) July 11, 2020
Com informações do O Globo, Bahia Notícias e Metrópoles.