
Dirigentes dos oito partidos que integram a base de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) veicularam uma nota sobre os 57 anos do golpe militar deflagrado no dia 31 de março de 1964. As lideranças destacam no texto que os “democratas nada têm a celebrar” e que “não se pode negar que vivamos hoje desafios assemelhados, com a democracia correndo riscos sérios e objetivos, diante da escalada de um governo de pretensões claramente autoritárias”.
Leia também: Oposição e Minoria protocolam 70º pedido de impeachment contra Bolsonaro
Dirigentes e porta-vozes de partidos assinam a carta
Assinam a carta os presidente nacionais do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira; do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Carlos Lupi; do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Juliano Medeiros; do Unidade Popular Pelo Socialismo (UP), Leonardo Péricles. Também aderiram à mensagem as presidentas nacionais do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Santos. Além dos porta-vozes da Rede Sustentabilidade Heloísa Helena e Wesley Diógenes.
Íntegra da carta dos partidos de oposição:
Partidos alertam que democracia corre riscos
Hoje completam-se 57 anos do golpe de Estado, que abriu as portas para a ditadura militar que perdurou mais de 20 anos e que deixou sequelas profundas na história do país, nas vidas de pessoas e famílias, de democratas, a imensa maioria deles preocupados simplesmente em assegurar a preservação do Estado de direito, em lugar do autoritarismo.
Não se pode negar que vivamos hoje desafios assemelhados, com a democracia correndo riscos sérios e objetivos, diante da escalada de um governo de pretensões claramente autoritárias, que não esconde tal intento de ninguém, e que tem se valido metodicamente de tentativas de cooptar tanto setores das polícias militares, quanto das próprias forças armadas, para implementar seu projeto político.
Evidentemente os democratas nada têm a celebrar nos dias 31/03, embora reconheçamos que as Forças Armadas e suas principais lideranças têm se atido ao papel institucional que a Constituição Federal consignou a elas. Trata-se, sem dúvidas, de uma evolução civilizatória, que o presidente da República e seu atual Ministro da Defesa se negam a reconhecer, porque jamais superaram o 31 de março de 1964.
Jair Bolsonaro ocupa-se, neste sentido, de articular seus delírios autoritários, em lugar de assumir o papel de mais alto servidor público da Nação e, frente a essa missão, coordenar esforços nacionais, irmanado com governadores e prefeitos, no sentido de fazer face à gravíssima crise sanitária que o país enfrenta há mais de um ano.
O presidente destoa do povo, que precisa de saúde; de desempregados, que buscam o pão de cada dia; de famílias, que sofrem seus mortos pela Covid; de miseráveis, que tentam sobreviver à fome; das instituições, que desejam democracia e não um regime de força, que só faria perpetuar a desgraça em que vivemos atualmente.
Conclamamos o povo brasileiro a rechaçar qualquer tentativa de restrição da democracia.
Fora arbítrio, xô autoritarismo e viva o Brasil!
Carlos Siqueira
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB
Carlos Lupi
Presidente Nacional do Partido Democrático Trabalhista – PDT
Gleisi Hoffmann
Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores – PT
Juliano Medeiros
Presidente Nacional do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL
Luciana Santos
Presidenta Nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
Heloísa Helena
Porta-Voz Nacional da Rede Sustentabilidade
Leonardo Péricles
Unidade Popular Pelo Socialismo – UP
Wesley Diógenes
Porta-Voz Nacional da Rede Sustentabilidade