
A extrema direita conquistou o poder na Itália, que a terceira maior economia da União Europeia, com uma vitória histórica do partido de Giorgia Meloni nas eleições legislativas do país. Pela primeira vez desde 1945, o país está prestes a ser governado por uma liderança pós-fascista.
Ex-militante de um movimento neofascista, ela já se declarou admiradora do ditador Benito Mussolini e cresceu em popularidade por ter se recusado a participar do governo de união nacional liderado pelo centrista Mario Draghi durante a pandemia. No discurso, defende todas as bandeiras que, de Donald Trump a Jair Bolsonaro, catapultaram a direita nacional-populista mundo afora: contra a imigração, contra o aborto, contra a “ideologia de gênero”, contra a intromissão da União Europeia e das “finanças internacionais”.
O partido Irmãos da Itália, liderado pela vencedora do pleito, consolidou-se como maior força política neste domingo nas eleições no país, com 26% dos votos. O resultado preocupante é sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Presente repetindo o passado
Pela primeira vez desde 1945, um partido que tem origem na tradição neofascista irá governar a Itália. “Temos uma vantagem clara, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado”, comemorou Salvini no Twitter.
O Partido Democrático (PD), principal formação de esquerda, não conseguiu mobilizar o eleitorado para frear o avanço da extrema direita e teve 19% dos votos.
Já os antissistema do Movimento 5 Estrelas (M5E) obtiveram cerca de 17% dos votos, abaixo da pontuação histórica de mais de 30% alcançada em 2018, porém acima do que apontavam as pesquisas de opinião.
“Itália se move para a direita”
Em ascensão meteórica, Giorgia Meloni e seu partido nacionalista parecem a um passo para dar à Itália seu primeiro governo de ultradireita desde a Segunda Guerra Mundial. “A Itália se move para a direita”, destacou o jornal italiano La Stampa em sua primeira página nesta segunda-feira.
A formação da próxima coalizão governante da Itália, com a ajuda de aliados de direita, pode levar semanas. Mas se Meloni tiver sucesso, ela pode se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do país. Seus principais aliados de campanha e prováveis parceiros de coalizão são o líder da sigla anti-migração Liga, Matteo Salvini, e o ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi, líder do Força Itália (FI).
Mudança sísmica
A vitória de Meloni representa uma mudança sísmica para a Itália — um membro fundador da União Europeia e a terceira maior economia da zona do euro —, e para a UE, apenas algumas semanas depois que a ultradireita ganhou as eleições na Suécia.
“Meloni toma a Itália”, dizia a manchete do jornal Repubblica, enquanto o editorialista Stefano Folli disse que a Itália “acorda esta manhã muito mudada”.
“É a primeira vez em décadas que a face política do país se transforma tão completamente. Ainda não sabemos se seu destino na Europa também mudou, mas essa é a primeira de muitas questões” que os italianos agora enfrentam, escreveu.