
Parlamentares protestaram contra a fala do atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre o fato do médico que o substituirá, Marcelo Queiroga, ‘rezar pela mesma cartilha’, numa referência ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, por tabela, a ele.
Pazuello fez a declaração para dar a entender que haverá, por parte do novo titular da pasta , “continuidade” no trabalho da pasta, sem responder às críticas de que o Brasil é, hoje, epicentro da pandemia. No fim da terça, o país atingiu a marca de mais de 282 mil mortos e segue em atraso com a imunização da população.
Sobre a vacinação, Pazuello, que anunciou esta semana a formalização de contratos para aquisição de 10 vacinas diferentes, disse que lamentava o atraso na entrega de insumos provenientes da China, necessários para a fabricação dos imunizantes e destacou que isso “não é culpa do governo”.
“Tivemos um atraso de 45 dias que nos fez sangrar, mas não é culpa nossa. Vamos controlar essa pandemia ainda no segundo semestre”, frisou.
As declarações, assim como os sinais emitidos pelo futuro ministro Marcelo Queiroga de que não haverá mudanças na condução da política de saúde do país, deixou irritados muitos deputados e senadores e levou a pronunciamentos e postagens sobre o tema nas redes sociais.
Expectativas sobre Queiroga
Dentre os socialistas, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) disse que lamentava ver, por meio das últimas notícias, declarações como a de Pazuello, mostrando que a política de saúde do país não é técnica, do ministro da Saúde e sim, “do governo Bolsonaro”.
Na mesma linha, o líder do PSB na Câmara, deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE), destacou que Pazuello “foi o pior ministro da Saúde da história do Brasil”. “Se o ministro reza pela mesma cartilha, não adianta trocar de ministro e não mudar a forma de enfrentamento da pandemia”, acrescentou ele.
O deputado Denis Bezerra (PSB-CE) comentou, diante das últimas declarações, que “uma coisa nós já sabíamos: para Bolsonaro, a saúde dos brasileiros sempre esteve em segundo plano”. O deputado Elias Vaz (GO) pediu que “a ciência passe a guiar o novo ministro na luta contra a Covid no nosso país”.
A deputada Lídice da Mata avaliou que a situação está dessa forma porque “o presidente da República não quer um médico que siga a ciência e sim que o siga”. “Pazuello entrou no ministério como especialista em logística e está saindo como responsável por todas essas milhares de mortes. O quadro que estamos vendo é aterrador”, acentuou.
Situação agravada
Também protestaram deputados de outras legendas. O vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que integra o Centrão – bloco de apoio ao governo – ressaltou que o momento é de o ministro “acertar ou acertar”. “Não teremos paciência com ele. Não temos tempo de ver um ministro aprender a ser ministro. Queiroga terá de assumir o cargo atuando forte no combate à pandemia”, disse.
O líder do PCdoB na Câmara, Renildo Calheiros (PCdoB-PE) afirmou, durante entrevista para o Portal Vermelho, que esse tipo de instabilidade “agrava ainda mais a situação da pandemia”. “O Brasil tem hoje a maior média móvel de mortes por Covid do mundo e o governo está no seu quarto ministro da Saúde. Essa instabilidade agrava ainda mais a situação da pandemia”, frisou Calheiros.
Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) acentuou que vê o problema de comando continuar. “Bolsonaro disse que Marcelo Queiroga vai dar ‘prosseguimento em tudo o que Pazuello fez até hoje. Pelo jeito, para as coisas mudarem de fato quem terá de sair é o presidente da República”, alfinetou.
A posse do novo ministro da Saúde ainda não tem data definida, mas está sendo prevista para a próxima semana.