
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou os líderes mundiais, na abertura da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (21), que o mundo “está se movendo na direção errada” e que os direitos humanos e a ciência “estão sob ataque”.
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Guterres também criticou o excesso de vacinas contra a Covid-19 em países ricos, enquanto os mais pobres sofrem com a falta de imunizantes — o que ele classificou como “um obscenidade” —, e afirmou que “os golpes militares estão de volta”
“Estou aqui para soar o alarme: o mundo deve acordar. Estamos à beira de um abismo — e nos movendo na direção errada”, afirmou. “Nosso mundo nunca foi tão ameaçado ou tão dividido. Estamos enfrentando a maior série de crises das nossas vidas”.
António Guterres
O secretário-geral da ONU citou a pandemia do novo coronavírus e seus efeitos na economia, o aquecimento global e outros problemas que precisam ser enfrentados pelos países.
“A pandemia da Covid-19 está superdimensionando desigualdades gritantes. A crise climática está atingindo o planeta. Revoltas, do Afeganistão à Etiópia e ao Iêmen e além, prejudicaram a paz”, enumerou o português.
“Uma onda de desconfiança e desinformação está polarizando as pessoas e paralisando sociedades, e os direitos humanos estão sob ataque. A ciência está sob ataque”, afirmou o secretário-geral.
Ele afirmou aos presidentes e líderes mundiais presentes na sede da ONU em Nova York que “agora é a hora de entregar”: “Criamos problemas que somos capazes de resolver”. “Não esperem os outros para fazer a sua parte”, destacou o secretário-geral das Nações Unidas.
Mais pobres sem vacinas
Guterres também fez um apelo à paz, afirmou que os “golpes militares estão de volta” (ele já criticou, mais de uma vez, o golpe militar em Mianmar) e fez duras críticas à vacinação desigual contra a Covid-19 no mundo.
“Por um lado, vemos as vacinas desenvolvidas em tempo recorde — uma vitória da ciência e da engenhosidade humana. Por outro lado, vemos esse triunfo desfeito pela tragédia da falta de vontade política, do egoísmo e da desconfiança”, disse o português.
“A maioria do mundo mais rico foi vacinada. Mais de 90% dos africanos ainda esperam pela primeira dose”, destacou o secretário-geral da ONU. “É uma obscenidade. Passamos no teste de Ciências. Mas estamos tirando um F em Ética”.
António Guterres
Com informações do G1