
Professores negros contam como a educação se tornou a ferramenta para que eles conseguissem sobreviver, transformar suas vidas e agir para que outras pessoas também fossem impactadas.
Segundo reportagem do Alma Preta, para grupos que historicamente tiveram pouco acesso à educação, o ato de estudar e de educar tem um aspecto profundo. A reportagem ouviu professores negros como parte das reflexões deste 15 de outubro, Dia do Professor.
A reportagem conta a trajetória do professor Wellington Lopes. O ano de 2012 foi decisivo para que ele se tornasse professor: quatro amigos haviam sido assassinados. No ano seguinte, um irmão, que era dependente químico, foi preso.
“Eu estava doente com todos esses acontecimentos, precisava dar sentido a minha vida. O movimento negro me deu a oportunidade de me ver como protagonista da minha história e como uma força de mudanças para minha família e para minha comunidade (política, territorial e racial)”, comenta.
Ele se tornou aluno e cooperando na coordenação do Núcleo XI de Agosto, da Uneafro Brasil, em 2014, e diz que encontrou motivação para dedicar sua vida à educação e à luta por direitos humanos, civis e pela cidadania.
Segundo a reportagem, naquele mesmo ano, Wellington fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foi aprovado em Ciências Sociais. Ele explica que o trabalho de professores negros vai muito além da sala de aula.
“Como educador negro, tento provocar o espírito de preservação da colaboração racial de grupo entre pessoas negras. Trabalho coletivo, autoestima, autoconhecimento, autocontrole, autoconfiança. Compromisso e responsabilidade com nossa comunidade racial, política, econômica e nossas memórias coletivas e individuais”, explica Lopes.
“Ser um educador preto é pensar ser negro como o antecedente da minha cosmologia de vida e como o alicerce do meu presente para construir nosso futuro”. destaca Lopes que faz aniversário também no dia dor professores.
Em um ano desafiador como o da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, o professor comenta que sua experiência de vida faz diferença. Ele passou a atuar no mapeamento e distribuição de cestas básicas emergenciais para famílias negras e pobres no bairro que hoje está localizado onde é o núcleo de educação popular XI de Agosto, da Uneafro Brasil.
“Apesar de ser uma experiência a primeira vista longe da educação, ela trouxe uma riqueza inestimável sobre a profundidade do abismo das desigualdades raciais e de classe concentradas na periferia. A quebrada é quem tem pago a conta da crise política e econômica que ganhou seu formato absoluto durante o governo Bolsonaro e aprofundada na pandemia. Agora, nas palestras e aulas online que dou, esse é o tema recorrente”, frisa.
Confira a matéria completa do Alma Preta.