
Para a maioria dos parlamentares do Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro (PL) contestará o resultado das eleições de outubro e provocará uma forte confusão institucional no país. As afirmações são resultados da pesquisa Painel do Poder, do jornal Congresso em Foco, que entrevistou 70 líderes do parlamento brasileiro.
Leia também: Trump planejou invasão ao Capitólio e isso reforça alerta no Brasil
De acordo com o levantamento, 54,7% dos deputados e senadores consideram altamente provável que Bolsonaro irá incitar no Brasil um movimento semelhante ao que ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez depois de derrotado nas eleições para Joe Biden em 2020.
Nos Estados Unidos, a contestação do resultado resultou na invasão do Capitólio, sede do poder Legislativo, no dia 6 de janeiro de 2021 e na morte de cinco pessoas.
Na pesquisa, 23,4% dos parlamentares dizem considerar “quase certo” que Bolsonaro irá contestar o resultado. E isso é “muito provável” para 31,2%. Há ainda 14% que consideram a hipótese “medianamente provável”.
“São, portanto, 68,75% de parlamentares que percebem que poderá haver a incitação de movimentos populares que questionem o resultado eleitoral. O contraponto é de 31,25% de deputados e senadores que consideram pouco provável que aconteça algo do gênero”, observa o relatório do levantamento.
Conturbações durante eleições
A consequência clara dessa situação é que a expressiva maioria dos parlamentares acredita que isso tornará o ambiente político do país conturbado. A pesquisa Painel do Poder perguntou aos deputados e senadores se eles consideram que as eleições irão acontecer normalmente ou se haverá algum tipo de estresse institucional.
Para 84,4%, conturbações institucionais afetarão o pleito deste ano. Somente 15,6% disseram acreditar que as eleições ocorrerão normalmente.
Apenas 1,6% acreditam que tal estresse redundará em ruptura institucional.
Na avaliação de 48,4%, o comportamento de Jair Bolsonaro provocará momentos de tensão durante as eleições, mas que eles serão superados rapidamente. Outros 34,4% acham que o estresse acontecerá e que os problemas serão superados com dificuldade (22 respostas).
“Nenhum membro da oposição aposta na normalidade completa. E nenhum membro da base aposta na ruptura institucional definitiva, revelando uma leve polarização no padrão de respostas”, observa o relatório.