
A integração entre a estratégia de inovação e as demandas ambientais, sociais e de governança coloca as operadoras em posição privilegiada no setor de telecomunicações, Ao preparar as estruturas para conquistar credenciais de impacto positivo, essas empresas vão aprimorar ferramentas e tecnologias, se tornando capazes de ajudar outros negócios na jornada.
É um ganho duplo para as prestadoras de serviço. Ao mesmo tempo em que se tornam mais atrativas para investidores e consumidores, acessam um mercado de soluções ESG, Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em tradução), estimado em mais de US$ 3,5 trilhões na próxima década, de acordo com estudo publicado pelo Boston Consulting Group e a GSMA, instituição internacional da área de telefonia móvel.
Outra análise, publicada pela Accenture, aponta o papel das telecomunicações no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização as Nações Unidas (ONU). De acordo com a consultoria, caberá ao setor, promover a internet aberta, com acesso total, qualidade e tratamento justo de tráfego, criando impactos positivos na educação na inclusão financeira e no crescimento econômico das nações em desenvolvimento.
Já o aumento da cobertura de serviços 4G e 5G vai melhorar a conectividade nas cidades e fomentar soluções para operações urbanas, eficiência energética, gestão de resíduos e monitoramento da qualidade do ar. O vice-presidente de assuntos regulatórios e institucionais da TIM, Mario Girasole, afirmou que estamos diante de uma evolução estrutural. “A agenda ESG não é um avanço semântico da sustentabilidade”, afirmou.
Segundo ele, não basta mitigar os impactos negativos gerados pela empresa. É preciso antecipar-se a eles, levando corporações a reorientar processos na direção de um negócio mais saudável para pessoas e o planeta. “Uma empresa que não inova dificilmente conseguirá avançar em práticas ESG.”
Biosites
Na TIM, o time de inovação entendeu que buscar práticas ESG é uma questão de negócio e arregaçou as mangas para traçar metas claras. Entre os destaques, está o projeto de biosites, que conta com patente, registrada pela TIM, de antenas capazes de expandir a cobertura de voz e dados sem impactar o meio ambiente urbano. De estrutura simples e fácil instalação, as antenas podem ser utilizadas como mobiliário urbano, unindo os recursos de telefonia móvel a serviços de iluminação e segurança pública, ao permitirem a instalação de lâmpadas e câmeras.
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A Algar Telecom também aposta na dupla inovação e ESG. Em 2017, a companhia fundou o centro de inovação Brain, que tem, entre os objetivos, o de trabalhar em projetos de inovação para a agenda da sustentabilidade. O centro fomenta o desenvolvimento de soluções de internet das coisas (IoT), 5G e computação em nuvem. “A demanda por ferramentas para minimizar impactos socioambientais é crescente”, comenta Luís Lima, vice-presidente de tecnologia e evolução digital da Algar.
Além de desenhar produtos, serviços e infraestrutura com impacto positivo, as operadoras se esmeram em projetos de descarbonização. Entre os mais adotados estão tecnologias para eficiência energética e produção de energia renovável e limpa. A tendência foi mapeada por análises da S&P Global Ratings. Segundo a empresa, a emissão de CO2 do setor de telecomunicações ainda é considerada baixa (cerca de 2% do total global), mas pode crescer com o aumento do tráfego de dados. “O consumo de energia é considerado o principal responsável pelas emissões no setor. Por isso, iniciativas em inovação nessa área são tão importantes”, destaca Renato Gasparetto, vice-presidente de relações institucionais e sustentabilidade da Vivo.
Operadoras e a energia verde
Em 2019, a Vivo atingiu a meta de utilizar 100% de energia renovável em sua operação. Para conquistar este índice, a operadora adquiriu certificados de energia verde. Agora os planos são reduzir o uso dos certificados, produzindo toda a energia que consome, com projetos de geração distribuída. “Serão 75 usinas de fontes solar, hídrica e biogás”, diz Gasparetto
Renata Bertele, diretora executiva de governança, conformidade e riscos e líder de ESG da Oi, destaca o papel da liderança na inserção do tema ESG nos negócios. “Temos a responsabilidade de fazer a companhia atuar em iniciativas como a agenda 2030 do Pacto Global”, diz. Essa tarefa exige transparência e disciplina para auditar as emissões e divulgar relatórios e inventários. “Diretores e executivos da Oi fazem parte de uma comissão que define, implementa e acompanha o desempenho de planos de ação.”
Outro foco está nos programas de cunho social. De acordo com Daniely Gomiero, diretora de responsabilidade social e comunicação corporativa da Claro e vicepresidente de projetos do Instituto Claro, é preciso investir em ações de impacto social e redução de desigualdade. “Nossos projetos privilegiam a diversidade e a inclusão.”
Autorreforma e a economia verde
O Eixo Temático III – Desenvolvimento Sustentável e Economia Verde, do livro 5 da Autorreforma, diz que o desenvolvimento sustentável é compreendido como aquele que provê pelo menos as condições de vida atual, garantindo melhores condições para as gerações futuras. Esse desenvolvimento tem três pilares constituintes: Uma economia inclusiva, a proteção social e a conservação ambiental.
Entretanto, o PSB compreende como inaceitáveis as condições de vida de milhões de brasileiros pobres e excluídos. Portanto, a manutenção de tal situação não é o padrão de sustentabilidade defendida pelo Socialismo Criativo.
“O PSB entende que é possível construir uma economia que resulte em melhoria do bem-estar da humanidade e com igualdade social, ao mesmo tempo em que reduza os riscos ambientais e a escassez ecológica. Tal economia é chamada de economia verde e criativa.”
Autorreforma PSB
Segundo os socialistas, a premissa da agenda da sustentabilidade é de que a economia verde e criativa apresenta potencial muito maior para a inclusão social e para a geração de renda e empregos do que o atual modelo de política econômica praticado.
Com informações do Valor Econômico