A operação militar na floresta, que é liderada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi anunciada com o aporte “inicial” de R$ 60 milhões

Anunciada no início de maio pelo governo de Jair Bolsonaro como a principal estratégia para reduzir o desmatamento que vem devastando a Amazônia, a operação militar Verde Brasil 2 executou apenas 0,7% de seu orçamento previsto.
A investida militar, que é liderada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi anunciada com o subsídio “inicial” de R$ 60 milhões. O Estadão apurou, no entanto, que até a última sexta-feira somente R$ 2,323 milhões do orçamento previsto tinham sido empenhados, ou seja, reservados para o pagamento de serviços executados.
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Além disso, desse valor empenhado, apenas R$ 454 mil já tinham sido efetivamente pagos, menos de 1%. Engessamento tem gerado impacto na operação e, em algumas bases já montadas, militares tiveram agendas canceladas, quando deveriam sair para ações em campo.
Os números foram levantados pela Contas Abertas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a pedido do Estadão, e frustram até mesmo o valor oficialmente autorizado até agora para a operação, que tem recurso total disponível de R$ 7,5 milhões.
Nota do Ministério da Defesa
O Ministério da Defesa declarou que “o assunto recursos está sendo equacionado no âmbito do Conselho da Amazônia Nacional da Amazônia Legal, responsável pela coordenação do tema”. Porém, numa segunda abordagem do jornal, a Defesa admitiu que, na realidade, ainda não recebeu nada do que estava previsto.
“Uma vez que os fundos específicos para a Operação Verde Brasil 2 ainda não foram disponibilizados pela área econômica, o Ministério da Defesa adiantou recursos orçamentários previstos específicos da rubrica de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para o pagamento de horas de voo iniciais da operação.”
Investidores internacionais
Em live promovida pelo Credit Suisse na segunda-feira (7), Mourão disse haver preocupação que as questões ambientais relacionadas à Amazônia sejam usadas para adoção de medidas protecionistas.
“Temos consciência da recente ressonância da problemática ambiental junto aos países desenvolvidos, sobretudo na Europa. No entanto, nos preocupa que as questões ambientais e mais especificamente o complexo cenário da Amazônia venham a ser utilizados como pretexto para adoção de medidas protecionistas e prejudiquem o comércio externo brasileiro.”
Declaração ocorre após a alta de desmate na Amazônia motivaram reação de investidores internacionais, que ameaçaram retirar investimentos do Brasil caso não haja esforço do governo para conter o problema.