
Com Plinio Teodoro
Projeções divulgadas nesta quarta-feira (15) durante Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) revela que o Brasil deve registrar uma expansão econômica de 1,8% em 2022, metade do que está sendo estimado para a economia mundial, de 3,6%, no período.
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Os dados foram divulgados pelo órgão da ONU um dia após instituições financeiras cortarem a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para este ano, sinalizando que o país deve crescer menos de 1%.
Em 2020, a retração foi de 4,1%. Dessa forma, Bolsonaro deve fechar seu mandato deixando o Brasil mais pobre do que quando assumiu a Presidência, em 2019.
Segundo dados divulgados pelo ONU, entre as grandes economias do mundo, o Brasil deve registrar a menor taxa de crescimento. As informações são de Jamil Chade, do portal Uol.
Em 2021, o crescimento da economia mundial de 5,3% é a maior em 50 anos, depois de um colapso registrado em 2020.
Neste ano, o desempenho do PIB brasileiro ainda ficará abaixo da média dos emergentes (4,7%) e mesmo dos países ricos (2,9%).
Mercado prevê PIB abaixo de 1% e Guedes se desespera: “rolagem da desgraça”
Às vésperas dessa avaliação do órgão da ONU, o ministro da Economia, Paulo Guedes, alçado como fiador neoliberal de um futuro governo Jair Bolsonaro (sem partido) ainda nas eleições de 2018, mostrou certo desespero após o mercado sinalizar o derretimento da economia, com previsão que o crescimento do PIB não chegue nem mesmo a 1% neste ano – após queda de 4,1% em 2020.
Com inflação batendo 9,68% nos últimos doze meses – a mais alta desde 2016 – e a expectativa de elevação da taxa Selic a 8% até dezembro, o mercado derrubou a previsão de crescimento do PIB.
Nesta terça-feira (14), o Itaú Unibanco cortou a projeção para o ano de 1,5% para 0,5%, e a MB Associados, de 1,4% para 0,4%. No dia anterior, o J.P. Morgan havia reduzido a estimativa de 1,5% para 0,9%.
Guedes se irritou com as novas projeções, dizendo há uma “rolagem da desgraça” e que, no momento, o eixo dos analistas é “vamos derrubar a economia”.
Em evento do BTG Pactual, banco do qual foi sócio, o ministro da Economia de Bolsonaro reclamou do “barulho político” que, segundo ele, segura o dólar nas alturas.
“Estamos indo para meio trilhão de dólares de corrente de comércio com o mundo, nunca aconteceu antes, US$ 100 bilhões na balança comercial, nunca aconteceu antes. […] Então, esse dólar já era para estar descendo mesmo, mas o barulho político não deixa descer”, disse, ressaltando que “o câmbio de equilíbrio devia ser hoje uns R$ 4,00, R$ 3,80 se estivesse tudo normal” – nesta terça, a moeda era negociada a R$ 5,25.
“Presidente às vezes sai do cercado”, admite Guedes
Em mea culpa do próprio governo, Guedes afirmou ainda que “os atores cometeram excessos” e que “às vezes, o presidente sai do cercado”, mas reclamou das reações de outros poderes e dos boatos – divulgados muitas vezes pelos próprios governistas.
“Os atores cometem excessos, às vezes o presidente sai do cercado, às vezes um ministro do STF prende pessoas, toda hora tem um que pula fora da cerca, dá um passeio no lado selvagem. O que acontece? As instituições se aperfeiçoam e convidam o cidadão a voltar para o cercadinho. São robustas as instituições”, afirmou.
Guedes negou a possibilidade de golpe e criticou a antecipaçao da disputa eleitoral. “Pelo amor de Deus, faltam dez meses para uma eleição”.
“Todo dia chamam o presidente de genocida. Ele mandou prender alguém? Não mandou prender ninguém mas tem gente prendendo aí. A gente tem que ter uma certa moderação”, disse ainda.