
O senador Omar Aziz (PSD-AM), que preside a CPI da Pandemia no Senado, afirmou que votaria pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A afirmação foi feita nesta segunda-feira (13) ao Uol News, e mostra que Bolsonaro está cada vez mais isolado. Em julho, Aziz disse que não votaria pelo impeachment de ninguém. Sobre o relatório da CPI, o senador adianta que “metade do primeiro e segundo escalão” do Ministério da Saúde devem ser indiciados pelo colegiado.
“Votaria sim (pelo impeachment), não só pelo que ele falou dos ministros do Supremo, mas principalmente na atuação dele na omissão da pandemia. Não chegamos agora a 600 mil mortes à toa”, afirmou Omar, lembrado dos ataques golpistas de Bolsonaro nos protestos de 7 de setembro.
Aziz afirma ainda que o suposto recuo de Bolsonaro é apenas uma estratégia.
“O presidente nunca fez autocrítica em relação à imunização de rebanho, em relação à China. Foi fazer agora, depois de cinco meses que estamos falando. A natureza do presidente Bolsonaro é aquela carona que o escorpião pega, atravessa o rio e depois pica aquele que deu a carona”
Omar Aziz
Aziz afirma que blindagem da PGR ‘não é eterna’
O presidente da CPI da Pandemia disse ainda que o relatório final da comissão deve ser apresentado até o próximo dia 24. Ele defende que as investigações iniciadas no Senado continuem nas outras instâncias de poder e instituições controladoras pelo país.
Aziz foi questionado sobre o alinhamento do procurador-geral da República, Augusto Aras, ao presidente Jair Bolsonaro ser uma barreira para que a investigação chegue até ele.
“A blindagem não é nada eterna. Não vai ter como ele não tomar providência, não fazer diligência, a cobrança vai ser muito grande”, diz Aziz.
O senador afirma que, além da PGR, o relatório também será enviado aos presidentes da Câmara, do Senado, do TCU (Tribunal de Contas da União), do STF (Supremo Tribunal Federal), do STJ (Superior Tribunal de Justiça), além das defensorias públicas estaduais. Aziz também cita instituições internacionais e até o Tribunal Penal Internacional, que fica em Genebra, na Suíça,
Sobre as possíveis autoridades que serão apontadas como investigadas no relatório final da CPI, Aziz cita “metade do primeiro e segundo escalão do Ministério da Saúde”. Sem dizer nomes, o senador fala em “pessoas que tiveram uma participação direta na forma irresponsável como foi conduzida a pandemia”.
“A CPI é a primeira parte, a segunda parte é aprofundar as investigações, porque tem muitos locais que a gente não tem como chegar além do que a CPI vai mostrar; e a terceira parte, tenha certeza absoluta que esses óbitos que tiveram no Brasil será feita justiça contra aquelas pessoas que cometeram equívocos e erros”
Omar Aziz
Relações próximas com clã Bolsonaro
Enquanto isso, mensagens enviadas à CPI da Pandemia mostram que o lobista Marconny Albernaz de Faria, apontado como um intermediário da Precisa Medicamentos, mantinha relação com o núcleo familiar e uma advogada de Jair Bolsonaro.
O material expõe eventos realizados na casa de Marconny, em Brasília, como churrascos e passeios de lancha. O lobista ainda se dispunha a cuidar da agenda de pessoas do círculo do presidente, com o agendamento de consultas médicas e horário em salão de beleza.
As mensagens de aplicativo mostram ainda a proximidade dele com Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, com o filho 04 do presidente, Jair Renan Bolsonaro, e com a advogada Karina Kufa.
A Precisa Medicamentos está no centro das investigações da CPI por suspeita de irregularidades nas negociações da vacina indiana Covaxin. O Ministério da Saúde decidiu encerrar o contrato de R$ 1,6 bilhão com a empresa para a compra de 20 milhões de doses do imunizante.
A advogada afirmou, em nota, que nunca escondeu a amizade com Marconny, que, por sua vez, por meio de advogados, disse que as mensagens foram distorcidas. Ana Cristina, mãe de Jair Renan, não respondeu aos questionamentos da reportagem do Uol.
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Empresário terá que depor à CPI
Já o advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva terá que depor na CPI da Pandemia nesta terça-feira (14). A ministra do Supremo Tribunal federal (STF) Cármen Lúcianegou o pedido de habeas corpus apresentado por Tolentino. No último dia 3, a ministra já havia rejeitado o pedido para que Tolentino pudesse faltar em seu depoimento à CPI.
Desde então, no entendimento de Cármen Lúcia, não houve mudança no “contexto fático-probatório” que pudesse fazê-la rever a decisão anterior.
Dono da Rede Brasil de Televisão, Tolentino teve seu nome associado às investigações da CPI depois de ser apontado como “sócio oculto” do FIB Bank. A empresa é responsável por oferecer uma garantia considerada irregular por senadores da CPI na negociação para compra da vacina contra covid-19 Covaxin, desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.
Mais cedo, a 15ª Vara Federal de Brasília já havia autorizado a CPI da Covid a expedir, se necessário, um mandado de condução coercitiva a ser cumprido contra o advogado.
Com informações do Uol e da Folha de S.Paulo