
O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai ter que explicar as empresas e recursos que mantém no exterior, com as chamadas offshores. A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (6), requerimento de convocação apresentado pelos líderes socialistas da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB), da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), e do PSB, Danilo Cabral (PE). Foram 310 votos favoráveis e 142 contrários.
Alessandro Molon afirma que há um “claro conflito de interesses” entre ser ministro e manter recursos no exterior protegidos da desvalorização do Real.
“Queremos saber porque ele [Paulo Guedes] mantém os seus recursos pessoais em dólares enquanto a economia do país afunda. O dinheiro do ministro está protegido no exterior da sua própria gestão desastrosa”, reforça o líder.
Marcelo Freixo afirma que a fortuna de Guedes cresce em cima da miséria da população.
Danilo Cabral reforça que, apenas na gestão de Guedes como ministro da Economia, o dólar teve aumento de 40% e as contas dele aumentaram R$ 14 milhões.
“Enquanto o povo brasileiro está sofrendo comendo carcaça de frango a R$ 10, com a gasolina a R$ 7 e botijão de gás a R$ 120 por conta da política irresponsável de Paulo Guedes, de forma leviana, ele está ganhando dinheiro com a offshore”, disse.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) relacionou duas ações diretas de Paulo Guedes com offshores: o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a defesa de proposta com tributação mais vantajosa na reforma do Imposto de Renda.
“Ele fez o aumento do IOF como ministro da Economia, mas ele não vai pagar. E ainda não quer prestar satisfação ao Parlamento”, afirmou.
Além da convocação de Guedes, o PSB apresentou uma ação de improbidade contra o ministro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
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Paulo Guedes é sócio de uma empresa no exterior com patrimônio de 9,55 milhões de dólares, o que equivale a cerca de R$ 51 milhões. A sessão para ouvir Guedes ainda não tem data marcada, mas poderá ser realizada na próxima semana.
As informações sobre a offshore de Guedes foram obtidas pelo projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), cujos parceiros no Brasil são a revista Piauí e o site Poder360. O vazamento também apontou uma empresa no exterior em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Duas comissões da Câmara já haviam aprovado a convocação de Guedes: do Trabalho, Administração e Serviço Público; e de Fiscalização Financeira e Controle.
Com informações da Câmara dos Deputados