Alain Touraine alerta que o “choque econômico do coronavírus pode produzir reações fascistas”.

O sociólogo frânces, Alain Touraine, que se tornou uma referência da chamada segunda esquerda (em seu país), de caráter social-democrata e claramente antitotalitária, reflete a crise atual em entrevista ao El País.
“Estamos em uma guerra sem combatentes. Não há estrategista: o vírus não é um chefe de Governo. E, do lado humano, vivemos em um mundo sem atores“
Alain Touraine.
O pensador francês, reconhecido pela obra dedicada à sociologia do trabalho e dos movimentos sociais, tem intervenções no debate público não apenas em seu país, mas também em outros da Europa, como a Espanha, e na América Latina.
Touraine (Hermanville-sur-Mer, 1925) é um dos últimos sobreviventes de uma geração brilhante que marcou as ciências sociais e o pensamento ocidental desde meados do século XX até o início do XXI, registra o jornal.
P. El País: Recorda-se de algum momento semelhante (ao atual) em sua vida?
R. Touraine: Talvez o mesmo sentimento existisse durante a crise de 1929, eu nasci um pouco antes: tudo desaparecia e não havia ninguém, nem à esquerda nem nos Governos. Mas é verdade que o vazio foi rapidamente preenchido pelo senhor Hitler. O que mais me impressiona agora, como sociólogo e historiador do presente, é que fazia muito tempo que eu não sentia esse vazio. Há uma ausência de atores, de sentido, de ideias, até mesmo de interesse: a única preferência do vírus é pelos velhos. Também não há remédio nem vacina. Não temos armas, estamos com as mãos nuas, estamos encerrados sozinhos e isolados, abandonados. Não se deve estar em contato e é preciso ficar trancado em casa. Isto não é a guerra!
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