
O editorial do jornal Folha de S.Paulo nesta quarta (22) mencionou que a eventual chapa formada entre o ex-governador Geraldo Alckmin como vice-presidente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem “efeito simbólico”.
O texto diz que “Luiz Inácio Lula da Silva já havia perdido três disputas presidenciais quando, em 2002, decidiu indicar aos eleitores que pretendia deixar radicalismos de lado e governar com ideias e forças políticas mais amplas. Um dos sinais mais importantes foi a escolha do vice na chapa, que recaiu sobre o empresário José Alencar, então no PL. Lula ensaia um movimento ainda mais vistoso agora, com a articulação para concorrer ao Planalto ao lado do ex-governador de São Paulo e ex-presidenciável Geraldo Alckmin, que apenas outro dia desfiliou-se do PSDB — o partido que, ao longo de duas décadas, fez o papel de arquirrival dos petistas”.
O editorial também afirmou que “não se imagina que a aliança possa atrair votos direta e decisivamente. Segundo o Datafolha, 70% dos brasileiros aptos a votar afirmam que ela não alteraria a possibilidade votar no candidato do PT, enquanto 16% se dizem mais propensos a essa opção, e 11%, menos. Alckmin, cabe lembrar, teve desempenho vexatório com sua candidatura nacional em 2018. O que existe, desde já, é um impacto no campo simbólico, o que está longe de ser desimportante numa eleição —e a de 2022 deveria ser mais profícua do que um embate entre o antibolsonarismo e o antipetismo. Resta muito a saber, porém, sobre o alcance e as ambições do entendimento, que pode incluir mais nomes e partidos. O Lula que governou o país de 2003 a 2010 mostrou capacidade de diálogo e negociação, além de disposição para enfrentar dogmas ideológicos de seu partido, em particular na área econômica. A qualidade das alianças e a solidez das convicções é que deixavam a desejar”, apontou o jornal.
O editorial lembrou ainda que “hoje Lula tem a seu favor a enorme rejeição a Jair Bolsonaro (PL), o desgaste da Operação Lava Jato e a memória dos bons resultados obtidos em seus dois mandatos. Pode vir a ser o suficiente para vencer o pleito do próximo ano, mas governar demandará uma composição política e programática acima do oportunismo eleitoral”.
Clima entre PSB e PT azeda
O clima entre o PT e o PSB azedou nos últimos dias. Lula e Carlos Siqueira, presidente do PSB, tiveram uma conversa ruim nesta terça-feira (21/12), em que a discordância central foi a falta de abertura do PT em apresentar contrapartidas estaduais para a aliança nacional. Mais exatamente São Paulo.
O ex-governador Márcio França, pré-candidato ao governo de São Paulo e artífice da ideia de levar Geraldo Alckmin para o PSB, tornando-o vice de Lula, tem se irritado com a falta de abertura de Fernando Haddad para tratar da possibilidade de retirada de sua pré-candidatura ao governo do estado.
Haddad sente que, agora que topou ser candidato, não é justo com ele que tenha de retirar a candidatura. Já França diz que a postura inflexível de sequer discutir essa possibilidade mostra uma falta de disposição do PT de solucionar o impasse.
Segundo interlocutores de França, ele quer que ao menos seja estabelecido um critério para decidir qual dos dois será o candidato. Um possível critério poderia ser que, num determinado momento, abril, por exemplo, seguisse a candidatura que estivesse mais à frente nas pesquisas.
Nesta terça-feira, França expôs publicamente a discordância, tuitando prints que compara os votos que ele e Fernando Haddad tiveram em 2018, em São Paulo. Naquele ano, França teve 10 milhões de votos no estado na disputa pelo governo do estado, perdendo por pouco para João Doria. Já Fernando Haddad, candidato a presidente, teve, como candidato a presidente, 7,2 milhões de votos no estado.
“Outubro de 2018 ! Estado de SP: os mesmos eleitores! + de 3 milhões de votos a mais ! #VddNaoTemCurva”, escreveu França, lembrando, num tuíte seguinte, que esta foi a mesma diferença numérica de votos entre Joe Biden e Donald Trump nos Estados Unidos, em 2020.
Com informações do Metrópoles e Folha de S. Paulo