
A edição desta terça-feira (9) do New York Times repercutiu a decisão do governo brasileiro de ocultar os dados da pandemia a mando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O jornal, que integra uma das maiores empresas de comunicação dos Estados Unidos, afirmou que “agora que o surto no Brasil ficou ainda pior – com mais infecções do que qualquer país, exceto os Estados Unidos – o governo de Bolsonaro apresentou uma resposta única ao alarmante dado: decidiu parar de divulgar completamente o número acumulado de casos”.
Omissão de dados
Narrando que o Ministério da Saúde derrubou na sexta-feira o site onde divulgava as estatísticas de coronavírus, o diário aponta que as informações voltaram a aparecer no sábado, omitindo dados históricos e deixando de fora o número de pessoas já infectadas ou mortas por causa do vírus.
O periódico também diz que a “pandemia – e, especificamente, as respostas do governo a ela – tem sido altamente controversas em todo o mundo, mas em poucos lugares as questões têm sido tão polarizadas quanto no Brasil, um país já separado por um abismo político entre os furiosos detratores de Bolsonaro e os devotos, igualmente fervorosos”.
Rotatividade na Saúde
No texto, o NYT também repercute a rotatividade de nomes que já passaram pelo ministério da Saúde nas últimas semanas.
“Bolsonaro demitiu um ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, em meados de abril, depois que os dois se desentenderam com o desdém do presidente por medidas de distanciamento social que o ministério e os governadores do estado estavam promovendo. Em seguida, o sucessor do ministro da saúde, Nelson Teich, deixou a pasta após menos de um mês no cargo, deixando o ministério sob o comando de um general ativo, sem experiência em assistência médica”, diz em um trecho.
Afirma, ainda, que no domingo, o governo brasileiro emitiu dois números diferentes sobre o último número de mortes diárias, divulgando inicialmente 1.382 óbitos para, na sequência, reduzir o número para 525 e sublinha que, apesar disso, o ministério “não explicou sua nova metodologia para rastrear os casos”.
“Angustiante”
Para a epidemiologista americana que trabalhou nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças por mais de duas décadas, Denise Garrett, “a adulteração de dados de pandemia pelo Ministério da Saúde é, no mínimo, angustiante”. “Os dados devem ser comunicados de maneira transparente, precisa e oportuna. Isso é crucial para a tomada de decisões e também da maior importância para evitar confusão pública”.