
“Nem comunista, nem bolsonarista.” O candidato do PSB à Prefeitura de São Paulo, Márcio França, foi obrigado a lançar mão do slogan numa inserção na TV para se colocar na brigar por uma posição mais competitiva com chances de chegar ao segundo turno na capital.
Em entrevista ao Valor Econômico, França diz que o prefeito Bruno Covas (PSDB) praticamente tem vaga assegurada na segunda fase do pleito, por ter a máquina nas mãos, uma circunstância pessoal [enfrenta um câncer] que sensibiliza o eleitor, rede de 700 candidatos a vereador engajados em sua reeleição.
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A outra vaga, crê o candidato, pode ser uma disputa embolada entre Celso Russomanno (Republicanos) e os nomes da centro-esquerda, incluindo ele, Guilherme Boulos (Psol) e Jilmar Tatto (PT).
Repetindo a estratégia que adotou na campanha ao governo do Estado em 2018, em que perdeu o pleito, mas venceu João Doria (PSDB) na capital, atraindo o “voto útil” da centro-esquerda, França trabalha para se deslocar de extremos.
Nem isso, nem aquilo
França tenta se apresentar como a única candidatura de centro, deslocada de personagens que têm a eleição presidencial como objetivo central e são “sombras” dos postulantes em São Paulo.
“Eu quero deixar claro que a eleição é de prefeito, não é de presidente da República”, disse ao Valor. A reivindicação pelo espaço do centro vem quase como um desabafo: “Passei a outra eleição inteira ouvindo o Doria dizer que eu era comunista, de Cuba. E agora começa essa eleição e dizem que sou bolsonarista. Isso começou com vocês [numa entrevista que o candidato deu ao Valor em agosto, dizendo em buscaria os votos do eleitor da direita]. Não sou bolsonarista, nem comunista. Sou do mesmo partido há 35 anos, tenho uma posição ideológica, claro”, define.
França esclarece que não está disputando para ser o líder da esquerda.
“Não quero ser cabeça de manjuba. Quero ser o cérebro da baleia. Disputo pra ganhar”, declara.
A postura partidária e ideológica, enfatiza, perde o sentido quando se vence uma disputa de cargo executivo. “Eleito, não governo pra quem pensa como eu. Governo para todos. Essa orientação nacional, de cada lado governar só para os seus, é um grande equívoco”, critica, em referência aos comportamentos de Jair Bolsonaro. “Se eu for eleito, falo com todo mundo, e até com o Trump”, ironiza.
Com informações do Valor Econômico