
Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudar, em menos de 24 horas, o Ministério da Defesa e todos os comandantes das Forças Armadas, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que não há qualquer possibilidade de o governo romper com os militares. A declaração foi dada à jornalista Andréia Sadi, do G1, após a saída dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
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Questionado sobre uma possível ruptura institucional, Mourão respondeu.
“Zero. Pode botar quem quiser, não tem ruptura institucional. As Forças Armadas vão se pautar pela legalidade, sempre”, declarou.
Mourão, assim como Edson Pujol, que deixou o cargo, é general da reserva. O vice-presidente reforçou que a prioridade do Brasil deve ser o “combate à pandemia do coronavírus”.
Saída dos comandantes
O Ministério da Defesa anunciou, nesta terça-feira (30), a saída dos comandantes das três Forças Armadas: Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica).
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“O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos”, diz trecho do comunicado oficial da pasta, sem informar o motivo da saída dos três e também não anunciou os substitutos.
É a primeira vez desde 1985 que os comandantes das três Forças Armadas deixam o cargo ao mesmo tempo sem ser em troca de governo.
O anúncio ocorre um dia após o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ter deixado o cargo. No lugar dele, Bolsonaro já nomeou o general da reserva Walter Souza Braga Netto, que até então comandava a Casa Civil.
Exército “na mão”
O ex-ministro da Defesa e ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou em entrevista ao Fórum Onze e Meia nesta terça que a saída de Azevedo e Silva da Defesa e Pujol do comando do Exército mostra o interesse de Bolsonaro de ter a instituição “na mão”.
“A saída já concretizada do general Fernando, que pode estar ligada a uma saída quase certa de general Pujol, mostra um propósito muito determinado de ter um Exército na mão. Não talvez para dar um golpe, mas talvez para não impedir ações”, afirmou Amorim.