
A CPI da Pandemia no Senado recebe nesta quarta-feira (22) o depoimento do diretor-executivo da operadora de saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior. Questionado por Renan Calheiros (MDB-AL), Batista Júnior contestou a afirmação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segundo a qual a cloroquina garantiria “100% de cura” contra a covid-19.
Para o diretor-executivo da Prevent Senior, “não existe qualquer medicação milagrosa”. Ele, no entanto, defendeu a autonomia dos médicos para prescreverem “a melhor medida” para cada paciente.
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“O teste sendo realizado com mais eficácia, o isolamento do paciente e a utilização de tudo o que hoje é sabido pode, sim, amenizar a evolução da doença. A minha observação em relação a qualquer situação de tratamento é que não existe qualquer medicação milagrosa, como todos nós já sabemos”, afirmou.
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Prevent Senior não teve autorização da Conep para estudo
A Prevent Senior não precisou de autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para promover o estudo observacional com a cloroquina, segundo Batista Júnior. Isso porque não foram feitos testes com pacientes, mas apenas “observaram o ato médico”, disse o depoente.
Questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o descrédito do estudo pela comunidade internacional, Batista Júnior respondeu que o estudo não foi publicado por ter sido apenas “a observação” de 630 pacientes. Entre os pacientes acima de 80 anos, a taxa de óbito foi de 29%, segundo o depoente.
Diretor da Prevent Senior diz que houve ‘estudo observacional’
O depoente Batista Júnior, diretor da Prevent Senior, negou que tenha havido “testagem em massa”. Admitiu apenas a realização de um “estudo observacional”. Segundo ele, nenhum médico foi “incitado” a receitar hidroxicloroquina; cada um teve autonomia junto ao paciente.
“Quando foram feitos estudos, sim, todos os pacientes receberam o ‘termo de livre esclarecido'”, garantiu.
Depoente acusa ex-médicos da Prevent Senior de manipulação
Batista Júnior criticou dossiê enviado à CPI feito, segundo ele, com base em notícias veiculadas na imprensa e demanda parlamentar. De acordo com o depoente, mensagens e planilhas de acompanhamento de pacientes foram manipuladas pelos ex-médicos da Prevent Senior George Joppert Netto e André Fernandes Joppert, desligados da empresa em julho de 2020. Batista disse ainda que uma análise de provas pela Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) comprovou a inexistência de infração por parte da Prevent.
Luis Carlos Heinze defende Wagner Rosário
Antes do início do depoimento de Batista Júnior, Luis Carlos Heinze (PP-RS) se solidarizou com a senadora Simone Tebet (MDB-MS), mas disse que o ministro Wagner Rosário, desde o princípio de seu depoimento, foi por várias vezes atacado.
Segundo o senador, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou Wagner de mentiroso e outros o nomearam de “moleque” e “vagabundo”.
Heinze também criticou colocações feitas na CPI sobre o discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro, feito na Assembleia-Geral da ONU nessa terça-feira (21). Para o senador, o presidente falou “o que o Brasil queria ouvir”.
Senadores defendem Simone Tebet
Eliziane Gama (Cidadania-MA), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Zenaide Maia (Pros-RN), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Leila Barros (Cidadania-DF) também se solidarizaram com Simone Tebet (MDB-MS) em relação ao episódio em ela que foi chamada de “descontrolada” pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Omar Aziz (PSD-AM) ressaltou que ninguém pode chamar uma mulher de “desequilibrada” por se contrapor a um homem.
“A senadora Simone nunca faltou com o respeito com nenhuma pessoa que veio aqui ser ouvida. Pelo contrário, ela é firme e traz fatos para mostrar quando está fazendo um questionamento”, afirmou Omar.
Eduardo Girão (Podemos-CE) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) lamentaram o acontecido, mas Girão lembrou que Wagner Rosário também foi ofendido.
Leila Barros diz que não aceitará desrespeito às mulheres
Além de Simone Tebet (MDB-MS) — atacada pelo ministro Wagner Rosário após expor com detalhes a cronologia da auditoria da CGU sobre contratos do Ministério da Saúde —, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Otto Alencar (PSD-BA) solidarizaram-se com a senadora Leila Barros (Cidadania-DF), que interveio no ataque verbal sofrido pela colega e discutiu com o senador Marcos Rogério (DEM-RO).
“Ela não é uma heroína só das quadras, não. Uma das cenas mais tristes, ontem, foi um colega fazer coro com machista. Ainda bem que teve a valentia de Leila Barros para gritar um sonoro ‘não’ ao machismo”, elogiou Randolfe.
Leila agradeceu e fez um desagravo à bancada feminina:
“Não aceito mais esse tipo de comportamento com nenhuma mulher na minha frente. Não é porque eu tenho 1,80 m ou porque fui atleta. É porque sou mulher! Prestemos atenção nessa estratégia baixa de muitos depoentes nesta CPI”, afirmou.
Omar Aziz presta solidariedade a Simone Tebet
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), se solidarizou com Simone Tebet (MDB-MS) pelo episódio em que ela foi chamada de “descontrolada” pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, durante depoimento, ontem. Simone agradeceu a solidariedade dos senadores.
“Como mulher, cidadã e mãe, pra mim isso é página virada. Como líder da bancada feminina, é preciso que esse episódio venha a público pelo menos no caráter educativo”, afirmou Simone.
CPI pede informações sobre Covaxin a corregedor
A CPI aprovou um requerimento para que o corregedor Gilberto Waller Júnior preste informações sobre uma investigação preliminar sumária instaurada sobre a atuação da Precisa Medicamentos e da Bharat Biotech na venda da vacina Covaxin. A apuração resultou em processos administrativos de responsabilização (PAR) contra as duas empresas.
O pedido é do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI. Ele lembra que em junho deste ano, após as denúncias de irregularidades reveladas pela comissão, o governo federal suspendeu o contrato de R$ 1,61 bilhão firmado entre o Ministério da Saúde, Bharat Biotech e a Precisa.
No entanto, um mês depois, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Wagner Rosário, negou a existência de irregularidades no preço da vacina e nos documentos apresentados para a importação. Para Aziz, os documentos têm indícios de adulteração e foram usados pela Precisa para tentar pagamentos antecipados de US$ 45 milhões.
Senadores discordam sobre ‘espera’ por Queiroga para novo depoimento
Apesar de ter planejado uma nova reconvocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a CPI da Pandemia não poder esperar para ouvi-lo novamente, segundo o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM). O ministro, que acompanhou o presidente da República, Jair Bolsonaro, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, contraiu a covid-19 e deverá permanecer nos Estados Unidos por 14 dias em quarentena.
Já o relator Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a CPI não pode encerrar os trabalhos antes de ouvir o ministro Queiroga. Da mesma forma, o senador cobrou que seja ouvido o empresário Luciano Hang.
Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), os ministros que acompanharam o presidente Jair Bolsonaro no encontro da ONU “não discutiram absolutamente nada” e todos passam por “enorme vexame”.
Com informações da Agência Senado