Sem ministro há mais de um mês, o Ministério da Saúde ampliou recomendação de cloroquina no mesmo dia em que os EUA retiraram autorização

O Ministério da Saúde publicou nessa segunda (15) documento recomendando o uso da cloroquina para gestantes e crianças. A orientação é que esses medicamentos sejam prescritos, associados ao antibiótico azitromicina, mesmo para casos leves.
A nova orientação do governo Bolsonaro acontece na mesma data em que os Estados Unidos retiraram a autorização de emergência de tratamento com a cloroquina e a hidroxicloroquina contra a covid-19.
Após demitir dois ministros da Saúde por se oporem ao uso do medicamento, o presidente Jair Bolsonaro, no entanto, ainda não conseguiu mudar o protocolo. Ou seja, o documento publicado não dita regras no SUS nem passa a autorizar procedimentos antes proibidos, mas tem forte poder político.
O maior entrave para elaborar o protocolo é a falta de comprovação científica da eficácia da cloroquina, motivo que não parece incomodar o governo.
A Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, chegou a afirmar, sem mostrar evidências, que a mudança de discurso do ministério sobre a cloroquina, feita no fim de maio, fez a curva de casos no País e a taxa de ocupação de leitos de UTI baixarem.
Um mês sem ministro
Na maior pandemia a atingir o país em um século, o Brasil completou nessa segunda-feira (15) um mês sem ministro da Saúde. Após demissão do ex-ministro Nelson Teich, o general Eduardo Pazuello assumiu interinamente o comando da pasta e está, praticamente, há mais dias no cargo do que ficou o oncologista.
Sob o comando do militar, o Brasil quase quadruplicou o número de óbitos por coronavírus. Havia 14.817 óbitos causados pela Covid-19 quando Pazuello assumiu o ministério e, agora, há 43.959.
A situação não parece incomodar o presidente Jair Bolsonaro que, em encontro com trabalhadores em Brasília há algumas semanas, informou que Pazuello “vai ficar por muito tempo (no cargo)” e elogiou a gestão do militar.