
Por Henrique Rodrigues e Ivan Longo
Os gritos de “Fora Bolsonaro” continuam ecoando no Brasil e ao redor do mundo. O cantor e compositor baiano Caetano Veloso, que faz uma longa turnê pela Europa, viu o público que lotou o moderno complexo Philharmonie de Paris, na capital francesa, gritar em uníssono “Fora Bolsonaro” ao final de sua apresentação na noite deste sábado (28).
Com apresentações na França, Alemanha, Bélgica e Portugal, o consagrado artista brasileiro retornou aos palcos após um grande hiato, ocasionado pela pandemia da Covid-19. Os ingressos para os espetáculos esgotaram rapidamente em todos os países por onde Caetano passará no velho continente.
Veja o vídeo do público no Philharmonie de Paris gritando palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro:
Justiça atende Campanha Fora Bolsonaro
O juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, atendeu aos movimentos que compõem a Campanha Fora Bolsonaro e o Grito dos Excluídos e autorizou a realização de ato contra o chefe do Executivo no dia 7 de setembro na capital paulista.
A organização dos atos contra Bolsonaro havia entrado com uma ação na Justiça, mais cedo, para que fosse garantido o direito de manifestação, visto que o governador do estado, João Doria (PSDB), havia proibido o protesto.
O tucano anunciou a proibição na quinta-feira (26), mesmo diante do fato de que os movimentos sociais mudaram o local do ato. Incialmente, a manifestação estava marcada para acontecer na avenida Paulista, mas os organizadores alteraram o local para o Vale do Anhangabaú após a Polícia Militar dar prioridade à manifestação dos bolsonaristas no local.
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Antes, os movimentos sociais já tinham acionado o Ministério Público para que o ato contra Bolsonaro pudesse ser realizado na Paulista, já que pela regra de “revezamento” da via, seria a vez da oposição ao presidente utilizar o local.
Mesmo antes da Justiça decidir em favor da Campanha Fora Bolsonaro, os movimentos sociais já tinham anunciado que manteriam o ato no Vale do Anhangabaú.
“É lamentável a postura autoritária do governador João Doria, que ele venha sugerir que a gente mude a data. Não vamos mudar a data porque a rua é do povo e nós construímos o Grito dos Excluídos todo esse tempo”, disse Simone Magalhães, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira.
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“Se há já para a Avenida Paulista agendamento de reunião que atende aos requisitos ou balizas fixadas constitucionalmente, observando-se, por acréscimo, a alternância determinada neste processo, ali é que outra não se fará. Já para local distinto, em respeito à regra constitucional, não há vedação possível, tanto por este Juízo como por qualquer outro órgão público (ou mesmo por particulares)”, escreveu o juiz em sua decisão favorável aos movimentos sociais.
Doria não pode barrar ato anti-Bolsonaro
Após decidir reservar a Avenida Paulista para atos convocados por Jair Bolsonaro (sem partido) no dia 7 de Setembro, João Doria (PSDB) não poderá barrar atos contra o presidente em outras regiões da cidade.
Raimundo Bonfim, coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular, havia criticado o governador em entrevista à Fórum na segunda-feira (23). “O governador saiu com essa de que os bolsonaristas pediram a Paulista primeiro para enganar o grande público. Doria está dando um golpe”, disse Bonfim.