
Uma reportagem da Folha de Pernambuco ouviu a empreendedora Ana Fontes, eleita ano passado uma das mulheres mais poderosas do mundo, segundo a revista Forbes Brasil, e Fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME). Ana usa o poder que conquistou ao longo de seus 54 anos de idade e 13 de empreendedorismo social para ajudar outras brasileiras a dar vida a novos negócios.
Leia também: Metade das empreendedoras brasileiras são mulheres negras
O Brasil tem mais de 26 milhões de empreendedoras, segundo o levantamento Global Entrepreneurship Monitor, de 2019, que no país é coordenado pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade e pelo Sebrae. Ana Lúcia Fontes é uma delas e em entrevista fala sobre os talentos que as mulheres têm ao empreender e também sobre os preconceitos que ainda sofrem nesse meio.
Segundo Ana Lúcia, mais de 95% dos investimentos vão para negócios liderados por homens. Quando as mulheres são questionadas por bancas de investidores, as perguntas são pessoais. Para começar, querem saber com quem elas deixaram os filhos para estar ali, afirma.
Os programas da entidade apoiam e capacitam mulheres, parte delas em situação de vulnerabilidade. Uma vez ao ano, a rede ainda promove um grande evento sobre o tema, o Fórum Mulheres Empreendedoras. A edição deste ano, realizada nos dias 5 e 6 de novembro, foi totalmente virtual e contou com mais de 40 mil participantes.
Desafios das mulheres
Ela acha simplista demais encarar como necessidade ou oportunidade apenas a motivação que leva as mulheres empreender. Mesmo havendo essa divisão técnica usada pelo Sebrae e outras instituições. Para Ana Fontes, uma pessoa pode começar a empreender porque precisa botar comida dentro de casa e no meio do caminho perceber uma oportunidade. E pode acontecer o contrário também: ela empreende por oportunidade, mas aí perde o emprego que ainda mantinha e então o negócio vira necessidade.
Para ela, o ambiente corporativo joga as mulheres no empreendedorismo porque não as acolhe, não as respeita, comete assédio. Aí elas empreendem porque precisam gerar rendar, mas aquilo também é um sonho.
As escolhas que a mulher faz têm a ver com a própria identidade, nunca são pragmáticas, como acontece com os homens. Ela encontra ali algo que a representa. Ela não é só mãe, esposa e dona de casa: ela é empreendedora, dona de um negócio. Tem muito de sonho, propósito e resiliência nessa escolha, afirma.
O Instituto RME concluiu em pesquisa que mostra que 88% das mulheres querem continuar com seus negócios, apesar das dificuldades trazidas pela pandemia. Entre os homens, esse percentual ficou em 70%. E mais: 76% das empreendedoras afirmam que seus negócios são muito importantes para elas, contra 61% dos homens.
Ana Fontes ressalta ressalta que as mulheres sempre empreendem em seu território de conforto, dentro daquilo que dominam e gostam de fazer, principalmente no setor de serviços.
Por isso são tão recorrentes os casos de mulheres que, quando engravidam, abrem negócios ligados à maternidade: elas estão totalmente envolvidas no tema, querem fazer algo em que acreditam.
Acesse a entrevista completa aqui.