
As mulheres estão mais presentes na produção agropecuária nacional, como mostram os dados do estudo As Mulheres no Censo Agropecuário 2017, publicado este mês pela Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) em parceria com a Friedrich-Ebert-Stiftung Brasil (FES Brasil). Em 2006, eram 656 mil mulheres atuando em 4,52 milhões de estabelecimentos rurais, que corresponde a 12,7% total de unidades do tipo. Onze anos mais tarde, os números subiram para 946 mil agricultoras, em 5,07 milhões (18,7%) do total de empreendimentos. Porém, continuam a ser minoria em postos de liderança.
Segundo o estudo, o Censo Agropecuário 2017 revelou um universo de 5,07 milhões de estabelecimentos agropecuários, dos quais 81,3% (4,11 milhões) estavam sob gestão masculina e, apenas, 18,7% (946 mil) sob gestão feminina, considerando todas as formas de direção.
Do total de estabelecimentos pesquisados, 77,1% (3,89 milhões) foram classificados como Agricultura Familiar (AF) e 22,9% (1,16 milhões) como Não Agricultura Familiar (NAF). Em 2006, o total de estabelecimentos da AF seria 4,305 milhões, que ocupavam 81,268 milhões de hectares considerando a classificação da AF pelo Decreto n° 9.064 de 31 de maio de 2017.
Os estabelecimentos da AF dirigidos por elas somavam, em 2017, 19,7%, enquanto os NAF eram 15,2%.
Nordestinas pardas e negras lideram agricultura familiar
Na região Nordeste está o maior percentual de mulheres dirigindo esses estabelecimentos, sendo 23,2% no total e 24,3% da AF, seguidas da Região Norte, com 19,4% no total, e 20,2% da AF.
Segundo cor e raça, as mulheres negras dirigem 62% dos estabelecimentos da AF dirigidos por mulheres, seguidas de 35% de mulheres brancas. As mulheres indígenas representavam 2% dos estabelecimentos, enquanto as mulheres amarelas, 1%.
É, também, na Região Nordeste que está o maior percentual de estabelecimentos dirigidos por mulheres pardas (61%) e pretas (24%). Os estabelecimentos rurais dirigidos por elas concentram-se nos estratos de área de até 20 hectares, representando 77,8% dos estabelecimentos da Agricultura Familiar.
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Mulheres seguem lutando por mais conquistas
A deputada socialista, Lídice da Mata (PSB-BA), lembra que a evolução da participação feminina no trabalho do campo precisa se refletir em outras conquistas.
“É um dado importante, mas precisamos acompanhar se a evolução salarial está ocorrendo no mesmo ritmo para homens e mulheres. A questão da desigualdade na remuneração existe em todas as profissões e é um desafio a ser superado no Brasil. No trabalho no campo não será diferente e pretendemos cobrar mais equidade”.
Lídice da Mata
Dia do Trabalhador Rural e da Mulher Negra
O artigo As Mulheres no Censo Agropecuário 2017 é de autoria da doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural, Karla Hora, a integrante da Sempreviva Organização Feminista (SOF), Miriam Nobre, e a doutora em Sociologia, Andrea Butto. A publicação traz uma análise minuciosa do Censo Agropecuário 2017 sobre a situação das mulheres rurais, que totalizavam 15 milhões no Brasil em 2015.
O lançamento da publicação marca a semana em que se celebra o Dia do Trabalhador Rural e da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Com informações da Rede Brasil Atual