
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB-RJ), voltou a defender a criação de nova CPMF. Apesar de contrariedade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação ao tema, Mourão defendeu a retomada do debate, pois, segundo ele, “mais cedo ou mais tarde essa discussão vai ter que ser colocada na mesa”.
O vice-presidente é adepto da contribuição desde o processo eleitoral de 2018, quando sugeriu a retomada do imposto em evento realizado durante o pleito. Naquela época, Mourão chamou o 13º salário de “jabuticaba brasileira”, referindo-se ao ‘alto’ custo do trabalhador no Brasil.
Em setembro do ano passado, o então secretário da Receita Federal Marcos Cintra foi demitido por defender a retomada do tributo.
“A nossa proposta que vinha sendo costurada até a saída do Marcos Cintra era aquela proposta do IVA Dual e entrava aquela questão do imposto sobre transações financeiras que parece ser o grande satã da Reforma Tributária. Ninguém quer ouvir falar disso aí. Mas eu, na minha visão, inclusive têm vários deputados e senadores que defendem essa questão do imposto único, que também é defendido por empresas aqui no Brasil. Esse assunto tem que ser discutido sem preconceitos”, declarou Mourão em transmissão ao vivo promovida pela Genial Investimentos.
O Estadão conta que, ao ser questionado sobre uma discordância de Bolsonaro em relação à volta de uma nova CPMF, o vice-presidente disse: “Eu acho que tem que ser discutido. O presidente é contra, ele não quer jogar esse assunto na mesa por causa da memória da antiga CPMF, mas a gente sabe que o nosso sistema tributário é complicado”, afirmou. “Mais cedo ou mais tarde, essa discussão vai ter que ser colocada na mesa”.
Reforma, segundo Mourão
Para Mourão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está “disposto” a colocar a reforma tributária em pauta. Ele lembrou que existem propostas em tramitação na Câmara, mas admitiu que o governo também precisa defender melhor as suas sugestões para a sociedade. “O governo tem as propostas dele que precisam ser mais bem esclarecidas para o conjunto da população”, afirmou.
Na última semana, Maia se manifestou contra a retomada da CPMF, afirmando que a pauta não tem força entre os parlamentares. Na ocasião ele se queixou da falta de diálogo com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Maia declarou que Guedes não estaria dando celeridade à pauta da reforma tributária.
Por outro lado, Mourão afirmou que Bolsonaro “compreendeu” que precisava ter uma base de apoio entre os parlamentares, em referência à aproximação com os partidos do chamado Centrão.
Mourão garantiu que outra reforma, a administrativa, está pronta para ser encaminhada ao Congresso, mas que isso só deve ocorrer após a retomada dos trabalhos presenciais no Parlamento, interrompidos em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Com informações do Estadão.