
O motim de policiais militares que ocasionou com o senador Cid Gomes (PDT) baleado no interior do Ceará em fevereiro ganhou destaque nos debates da eleição pela prefeitura de Fortaleza, com os dois candidatos que disputam o segundo turno na cidade — José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (PROS) —, indiretamente envolvidos na história.
Dados do Google Trends indicam que o assunto voltou a ser buscado agora, durante as eleições, principalmente na última passada.
Sarto afirma que Wagner teve participação direta na paralisação dos PMs que reivindicavam aumento de salário, enquanto o candidato do PROS diz que os dois lados cometeram excessos, mas que ele trabalhou pelo fim do motim, ocorrido entre 16 de fevereiro e 7 de março.
Disputa
A disputa de narrativas inclui decisões judiciais que suspenderam uma propaganda em que Sarto afirma que Wagner liderou o conflito e um vídeo em que o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro diz que o candidato do PROS estava preocupado em “encerrar o movimento“.
Sarto é o candidato do senador Cid Gomes (PDT) e do governador do estado, Camilo Santana (PT), dois dos principais nomes envolvidos na crise de segurança pública provocada pelo motim. Durante a paralisação, Cid foi a Sobral (CE) e, dirigindo uma retroescavadeira, tentou entrar em um quartel ocupado pelos militares amotinados, mas levou um tiro. Camilo, por sua vez, era o principal alvo dos policiais.
Sarto, que é presidente da Assembléia Legislativa do Estado, trabalhou pela aprovação de uma proposta de emenda à Constituição do Ceará proibindo a concessão de anistia a militares que aderirem a motins ou paralisações.
Excessos
Wagner classificou como “legítima defesa” os tiros contra o senador e tentou participar das negociações entre a classe e o governo do estado.
Na época da crise, o deputado protocolou um projeto de lei na Câmara prevendo a anistia a policiais e bombeiros que participaram do movimento. Em entrevista ao Globo na semana passada, explicou que propôs a anistia porque entende que “houve excessos de ambas as partes”:
“A gente teve um senador que pegou uma retroescavadeira e tentou passar por cima dos manifestantes. Como eu sei que ele não vai ser punido, então não é justo punir policial e deixar isento o senador.
Sarto afirma que o fato de a cidade ser tida como uma das violentas do país tem como uma das razões as paralisações dos agentes de segurança. E, por isso, critica a proposta de anistia apresentada pelo adversário.
Com informações do jornal O Globo