
Moscou, a capital da Rússia, começou neste sábado (5) a distribuir a vacina Sputnik V contra a Covid-19 para os grupos de profissionais mais expostos à doença. Em uma força-tarefa contra o coronavírus, 70 novos postos de vacinação foram abertos em toda a cidade para garantir a imunização de médicos e outros profissionais da área de saúde, professores e assistentes sociais.
“Você trabalha em uma instituição de ensino e tem prioridade máxima para a vacina gratuita contra Covid-19”, dizia uma mensagem de texto recebida por uma moscovita professora do ensino fundamental na madrugada de sábado e divulgada pela Reuters.
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O presidente Vladimir Putin afirmou que o programa nacional de vacinação voluntária começará na próxima semana. Segundo ele, a Rússia terá produzido 2 milhões de doses de vacina nos próximos dias. O chefe do Fundo Russo de Investimentos Diretos (RDIF), Kirill Dmitriev, disse em entrevista à BBC na última sexta-feira (4) que a Rússia espera aplicar a vacina a cerca de 2 milhões de pessoas neste mês.
“Nas primeiras cinco horas, 5 mil pessoas já se inscreveram”, informou o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, em seu site pessoal. “Professores, médicos, assistentes sociais, aqueles que hoje estão arriscando sua saúde e suas vidas”.
100 mil vacinas já aplicadas
A Rússia já vacinou mais de 100 mil pessoas de alto risco, disse o ministro da Saúde, Mikhail Murashko, no início desta semana, durante uma apresentação às Nações Unidas sobre a Sputnik V.
O país foi um dos primeiros a anunciar o desenvolvimento de uma vacina – chamada Sputnik V devido ao satélite soviético – em agosto, antes mesmo do início dos ensaios clínicos em larga escala. A vacina está atualmente na terceira e última fase de testes clínicos envolvendo 40 mil voluntários.
Seus criadores anunciaram no mês passado uma taxa de eficácia de 95%, de acordo com resultados provisórios, e que a vacina seria mais barata e mais fácil de armazenar e transportar do que as outras.
Administrada em duas doses com 21 dias de intervalo, A Sputnik V é do tipo “vetor viral” e utiliza dois adenovírus humanos. Sua distribuição será gratuita para cidadãos russos, e sua administração será voluntária.
No sábado, autoridades de saúde disseram que durante esta primeira fase de vacinação em Moscou, a vacina não seria administrada a trabalhadores com mais de 60 anos, pessoas com doenças crônicas, mulheres grávidas ou lactantes. Eles não indicaram quando o tratamento estaria disponível para o público em geral.
Pioneirismo preocupa
A Rússia desenvolveu duas vacinas contra a Covid-19. A Sputnik V, que é financiada pelo Fundo Russo de Investimentos Diretos, e outra desenvolvida pelo Instituto Vector, da Sibéria. Os testes finais de ambas as vacinas ainda não foram concluídos.
Os cientistas estão preocupados com a velocidade com que o governo da Rússia tem trabalhado, dando o aval regulatório para suas vacinas e lançando vacinações em massa antes que os testes completos para testar segurança e eficácia tenham sido concluídos.
Quase 2,5 milhões de casos da Covid-19
Moscou, cidade com cerca de 13 milhões de habitantes, foi o epicentro do surto de coronavírus na Rússia. Foram relatados 7.993 novos casos no sábado, contra 6.868 no dia anterior, bem acima das contagens diárias de cerca de 700 pessoas com a doença no início de setembro.
A Rússia registrou 28.782 novas infecções em 24 horas no sábado, um recorde diário, elevando o total para 2.431.731 casos desde o início da pandemia.
O país é o quarto do mundo em número de casos.
Com informações do jornal O Globo