
O comando da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ordenou que as redes sociais da Agência Brasil não publiquem conteúdos sobre o assassinato de João Alberto Freitas, conhecido como Beto Freitas, aponta reportagem de Ricardo Della Coletta da Folha de São.
O homem que negro foi espancado até a morte por dois seguranças de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre. Laudo preliminar do Instituto-Geral de Perícias da capital gaúcha apontou asfixia como a causa mais provável da morte.
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Profissionais da empresa de comunicação pública do governo federal foram orientados a ignorar o caso nas mídias sociais da agência. A determinação foi revelada pela revista Época e confirmada pela Folha.
A divulgação em redes sociais é uma forma de garantir maior visualização de um determinado conteúdo. Procurada para comentar a orientação, a EBC não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Freitas foi assassinado em 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra. As circunstâncias da morte e a repercussão geraram uma onda de comoção e protestos contra racismo em diversas cidades do país.
O episódio teve amplo destaque em veículos de comunicação do país e esteve entre os assuntos mais comentados nas redes sociais nos dias seguintes à morte de Freitas.
Conteúdos da EBC
No entanto, não houve menção ao caso Beto Freitas no Twitter e no Facebook da Agência Brasil. Vinculada à EBC, a agência produz conteúdos considerados de interesse público, que são distribuídos de forma gratuita.
A agência de notícias acompanhou o caso Beto Freitas e publicou em seu portal alguns textos sobre o assassinato.
Além de uma reportagem sobre a morte de Beto Freitas, a agência veiculou a reação da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) lamentando a morte.
Houve ainda a publicação de uma reportagem sobre investigações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo contra a empresa de segurança terceirizada que prestava serviços para o Carrefour.
A agência também produziu um texto sobre pedido da alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, para que a morte fosse apurada.
Essas reportagens, no entanto, não ganharam espaço nas mídias sociais da agência.
Movimentos em defesa da comunicação pública afirmam que desde 16 de novembro houve mudanças nas regras de postagens de conteúdos da Agência Brasil no Facebook e no Twitter.
Segundo a página Fica EBC, houve a diminuição no fluxo de postagens e temas de grande repercussão foram ignorados nas mídias sociais da agência.
Com informações da Revista Época e Folha de São Paulo