
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta sexta (27) por 60 dias o inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir de forma indevida nas atividades da Polícia Federal (PF). Na mesma decisão, o ministro deu prazo de cinco dias para a Procuradoria Geral da República (PGR) se manifestar sobre a necessidade do depoimento de Bolsonaro.
Na quinta, o presidente comunicou ao STF que não deseja prestar depoimento no inquérito. Na sua justificativa, Bolsonaro diz que “a publicização do inteiro teor de gravação da Reunião Ministerial de 22 de abril de 2020 demonstrou completamente infundadas quaisquer das ilações que deram ensejo ao presente Inquérito, o mesmo valendo para todos os demais elementos probatórios coletados nos presentes autos”. Depois de receber o parecer da PGR, Moraes vai decidir se dispensa Bolsonaro de ser interrogado.
O inquérito foi aberto em abril, a partir da acusação do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de que Bolsonaro ter ia tentado interferir na PF ao demitir o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, com o objetivo de proteger familiares e aliados de investigações. A defesa do presidente nega as acusações.
O depoimento de Bolsonaro é uma das últimas diligências da Polícia Federal para concluir as investigações. Em junho, a PF enviou ofício ao STF comunicando a necessidade de interrogar o presidente. Como não há lei específica tratando do depoimento do presidente da República, houve impasse e o interrogatório ainda não ocorreu.
O ministro Celso de Mello, que se aposentou em outubro, era o relator do inquérito. Ele determinou que o depoimento fosse presencial. A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu, pedindo que o presidente tivesse o direito de escolher dar explicações por escrito ou presencialmente. O plenário do STF começou a julgar o assunto, mas não terminou.