
A Polícia Federal (PF) vai retomar as investigações de interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na instituição. A determinação foi feita pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que o presidente tentou interferir em investigações da corporação.
O julgamento do caso no STF está marcado para setembro. O inquérito está suspenso e, segundo Moraes, a PF não precisa mais aguardar a definição sobre o formato do depoimento de Bolsonaro – se será por escrito ou presencial.
Na decisão desta sexta-feira (30) o ministro do STF afirmou que há diligências pendentes para a PF cumprir que podem ser executadas independentemente do depoimento.
O inquérito foi aberto pelo STF em 2020 a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e tem como base acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
O líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), ressaltou que Bolsonaro não pode usar o cargo para “proteger os bandidos amigos da família”.
Bolsonaro cobrou troca do comando da PF no Rio
Segundo Moro, Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao cobrar a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação Maurício Valeixo, indicado por Moro (leia detalhes mais abaixo).
Desde que Moro fez a acusação, Bolsonaro nega ter tentado interferir na corporação.
Reunião ministerial
Sergio Moro tem afirmado que estão entre as provas de que Bolsonaro tentou interferir na PF mensagens trocadas pelos dois em um aplicativo e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
Na ocasião, Bolsonaro disse:
“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f… minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”
Jair Bolsonaro
Segundo Moro, ao mencionar a palavra “segurança”, Bolsonaro se referia à Polícia Federal no Rio de Janeiro.
O presidente, por sua vez, sempre argumentou que se referia à sua segurança pessoal, exercida pelo Gabinete de Segurança Institucional.
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O Jornal Nacional, contudo, mostrou que os seguranças de Bolsonaro no Rio foram promovidos, o que coloca em xeque a versão do presidente.
Com informações do G1