
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sugeriu o adiamento das eleições municipais devido a pandemia de coronavírus no país. Entretanto, a proposta vem sofrendo resistência da classe política e do poder judiciário. Recentemente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que medida é “completamente equivocada”.
A proposta de Mandetta foi apresentada neste domingo (22) durante reunião com prefeitos de capitais, realizada por videoconferência. A preocupação do ministro é a de que interesses eleitorais influenciem medidas para contenção do novo coronavírus.
“Está na hora de o Congresso falar: “adia”, faz um mandato tampão desses vereadores e prefeitos. Eleição no meio do ano… uma tragédia, porque vai todo mundo querer fazer ação política”, declarou.
Recepção da proposta
O adiamento do pleito de outubro, quando a população escolherá prefeitos e vereadores, já circulava nos bastidores do Congresso Nacional. Propostas de emenda à Constituição (PECs) para alteração da data estão sendo elaboradas por parlamentares.
Apesar do pedido do ministro, o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, não cogita, por ora, adiar as eleições municipais. Barroso assumirá o TSE em maio, no lugar de Rosa Weber, e será o chefe do tribunal durante o pleito agendado para outubro.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao Estado que haverá condições para realização das disputas em todo o País, se as projeções do ministro da Saúde estiverem certas. Na sexta-feira passada Mandetta previu um aumento das infecções em abril, maio e junho, seguido de estabilização em julho e agosto, e decréscimo da curva de contaminação em setembro.
“Hora de focar no enfrentamento da crise. Vamos cuidar do combate ao vírus”, disse Maia ao Estado. “Se a projeção na curva de contaminação do ministro Mandetta estiver certa, não haverá necessidade de adiar a eleição”.
Entre os partidos de esquerda, há adesão à tese de Mandetta. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, defende que a questão seja, sim, debatida. “Ainda não sabemos se será necessário, mas é bom admitirmos a discussão porque isto pode ser uma imposição da realidade”, disse ao Estado de S. Paulo.
Com informações do Estado de S. Paulo.