Sem evidências científicas sobre a eficácia do remédio, protocolo libera o medicamento para pacientes adultos com sintomas leves a partir do primeiro dia

Após pressão para mudança de protocolo demitir dois ministros, o Ministério da Saúde, comandado interinamente pelo general Eduardo Pazuello, divulgou nesta quarta-feira (20) as novas orientações para o uso da hidroxicloquina e cloroquina para o tratamento da Covid-19.
Apesar da falta de evidências científicas sobre a eficácia do remédio, de acordo com o documento, pacientes adultos com sintomas leves podem tomar os medicamentos a partir do primeiro dia. O mesmo ocorre para quem tem sinais moderados e graves.
Porém, o Ministério da Saúde fez ressalvas técnicas de que, na prática, a cloroquina não tem eficácia comprovada e alertou para os efeitos colaterais. Além disso, o paciente a ser tratado deve autorizar o uso e assumir os riscos com o tratamento.
Com isso, a responsabilidade para a escolha do remédio deve ser pensada e negociada entre médico e paciente. “Assim, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, conforme modelo anexo”, conclui.
Confira abaixo o novo protocolo.
O que a ciência diz
Cientistas em pesquisas em todo o mundo apontam que a droga não tem eficácia para tratamento. Ao contrário, afirmam que há efeitos colaterais graves e que podem elevar as chances de morte, como aumento de complicações cardíacas.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) declarou que o uso da cloroquina contra a Covid-19 é “perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado”. Para a entidade, a mudança do protocolo “vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia”.