
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) se negou a entregar ao Ministério Público Federal (MPF) uma cópia do dossiê que monitorou 579 servidores públicos ligados a grupos antifascistas. Em resposta à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, do Rio Grande do Sul, a pasta justifica que o pedido precisaria ser encaminhado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, por envolver um ministro de Estado.
Contudo, o parecer destaca que mesmo que a PGR faça a solicitação, os dados podem não ser enviados por serem atividades de inteligência.
Recusa
A manifestação foi apresentada na sexta-feira (7), em resposta a um pedido de acesso pelo MPF ao conteúdo produzido pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do ministério chefiado por André Mendonça. A pasta já havia enviado posicionamento semelhante ao Supremo Tribunal Federal, onde tramita uma ação da Rede Sustentabilidade que questiona o monitoramento de opositores.
A existência do relatório foi admitida pelo ministro à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) na última sexta-feira (7). Após audiência, Mendonça se comprometeu a enviar o documento a parlamentares da comissão que acompanha atividades inteligência, o que não foi feito até esta terça-feira (11). A interlocutores, o ministro disse que também está disposto a enviar o relatório caso Aras faça o pedido.
Na peça enviada ao MPF, o Ministério da Justiça afirma que, formalmente, o pedido precisaria ser encaminhado pelo procurador-geral da República para ser atendido. Por se tratar de uma resposta que caberia ao ministro da Justiça, a lei determina que o PGR seja a autoridade a requisitar as informações, mesmo que depois repasse internamente a procuradores regionais.
“Não há margem jurídica”
No entanto, o MJ deixa claro que, “ainda que ultrapassados esses óbices, o que se admite apenas para fins argumentativos, não haveria viabilidade jurídica ao atendimento do pleito do MPF.”
O parecer cita que “não há margem jurídica” para o fornecimento de dados e documentos por se tratar de informações sigilosas de atividades de inteligência.
Com informações do UOL