
Com menos de um mês para o fim do prazo para a emissão de novos títulos eleitorais e a aproximação das eleições, influenciadores e políticos bolsonaristas criam campanha para mobilizar os 10 milhões de jovens de 16 a 17 anos que possuem direito ao voto não-obrigatório. A ação direitista é uma clara reação aos atos em prol do alistamento eleitoral e o voto contra o presidente Jair Bolsonaro de personalidades e artistas como Anitta, Pablo Vittar e Felipe Neto.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 2022 é um dos anos de menor emissão de títulos das história.
Entre 1º de março e 6 de abril, foram identificadas 287,7 mil postagens no Twitter com hashtags convocando a participação de jovens nas próximas eleições. A informação foi apurada pela Diretoria de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV-DAPP). A campanha encabeçada pelos influenciadores alinhados ao governo e por aliados do presidente Jair Bolsonaro produziu o momento de maior agitação em torno do assunto.
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Foi em 26 de março, quando o debate contabilizou 167 mil tuítes.
Apesar dos esforços bolsonaristas, a faixa etária concede ampla vantagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma pesquisa do Poder 360, realizada de 27 a 29 de março, é revelado que o petista tem 51% das intenções de voto no 1º turno entre as pessoas de 16 a 24 anos, ante 29% de Jair Bolsonaro. Na população em geral, o placar é mais apertado: 41% a 32%.
A chamada “terceira via” se esvai ainda mais nesse grupo demográfico: somados, todos os outros nomes que se opõem a Lula e Bolsonaro chegam a 15% — ante 20% na população geral.
Se as eleições fossem hoje, 6 em 10 eleitores de 16 a 24 anos (56%) escolheriam Lula para comandar o país em um 2º turno contra Bolsonaro, que marca 38% nesse grupo. Essa diferença, agora em 18 pontos percentuais, já foi maior. Em fevereiro, estava em 38 pontos.
Alistamento de jovens cresceu
Com a grande mobilização dos dois espectros políticos, o alistamento na Justiça Eleitoral no mês de março registrou um salto de 45,63%, quando comparado a fevereiro, entre adolescentes de 15 a 17 anos. Os números foram divulgados pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin.
Entre os jovens com 15 a 17 anos, o número de novos títulos passou de 199.667 em fevereiro para 290.783 em março, crescimento superior a 45%. Em 2012 houve mais de 4 milhões de pedidos de emissão do título entre os 15 e 18 anos. Já em 2022, havia 854 mil até 21 de março. O número era inferior ao registrado em 2020, ano da última eleição, com 1,36 milhão de solicitações.