
O secretário especial de Cultura do governo Bolsonaro, Mário Frias, pediu uma indenização de R$ 33 mil por atraso de voo para as companhias aéreas Gol e American Airlines. A ação, movida no dia 7 de fevereiro e extinta dias depois pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, é referente à viagem polêmica que o ex-galã fez para Nova York, em dezembro de 2020, quando gastou R$ 39 mil em dinheiro público para encontrar o lutador de jiu-jítsu bolsonarista Renzo Gracie.
O conteúdo do processo não é público, mas a ação foi antecipada pelo jornal O Globo e sugere uma manobra para cobrir os gastos não justificados e evitar que detalhes da viagem viessem à público. No entanto, depois da repercussão do caso na mídia, o processo foi extinto. O Portal da Transparência ainda alegou que o motivo da viagem era um “projeto cultural envolvendo uma produção audiovisual, cultura e esporte”. De toda forma, só em passagens aéreas Frias gastou R$ 26 mil dos cofres públicos. Em diárias, o valor de R$ 12,8 mil, além de um seguro de R$ 305.
O jornal Folha de S. Paulo chegou a procurar a Gol e a American Airlines que não comentaram o assunto. A Secretaria Especial da Cultura também não respondeu sobre o caso. Enquanto isso, no Senado Federal, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte, se articula para convocar o ex-ator para que explique os gastos. O senador Jean Paul Prates (PT-RN) apresentou requerimento para que Frias explique a situação.
À Revista Fórum, o líder da Minoria no Senado, disse que Mario Frias é “a personificação do bolsonarismo na área de cultura”. “Chegou à função que ocupa atualmente somente depois de mostrar os dentes na defesa interessada do presidente. Não entende nada do que faz, nem se interessou em aprender, mas faz do cargo que ocupa uma oportunidade para se locupletar”, disparou Prates.
“Enquanto destrói a política de incentivo à cultura do país, Mario Frias se diverte usando das prerrogativas do cargo que ocupa e do dinheiro dos impostos dos brasileiros. Ele tem que se explicar diante do Senado e tenho a impressão de que não vai conseguir fazer isso”, prosseguiu o senador.
Além do encontro com Renzo Gracie, Mários Frias encontro os produtores da Broadway Simone Genatt e Marc Routh, e o dono de empresa de turismo, Bruno Garcia, que declarou ter ajudado o secretário com bagagens extraviadas.
Segue a ‘mamata’
O escândalo fez com que Mario Frias ganhasse até mesmo uma paródia da conhecida canção dos Titãs “Homem Primata”, que virou, no seu caso “Mario Mamata – Clientelismo Selvagem”.
A canção, que já conta com milhares de views, aponta as viagens e gastos do controverso secretário. Ouça aqui.
E, corroborando a paródia, a mamata com o dinheiro público no governo Bolsonaro tem outros adeptos. No mês passo, o braço direito de Frias, André Porciúncula, gastou R$ 20 mil em uma viagem de cinco dias a Los Angeles. O ex-PM é hoje responsável por gerir a Lei Rouanet. Os gastos podem ser triplicados, já que a viagem incluiu também os assessores da pasta, Gustavo Torres, do Ministério do Turismo, e o secretário do Audiovisual, Felipe Pedri. Frias não embarcou nesta jornada a Los Angeles porque foi diagnosticado com Covid-19.
De acordo com a Folha de S. Paulo, somente em passagens aéreas foram gastos US$ 1932 (R$ 9.928). Cada trajeto do voo custou US$ 966 (R$ 4.964).