
Na segunda-feira (8), dia em que o assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completou 1.090 dias sem repostas, a Alemanha inaugurou um mural como homenagem e um pedido de atenção ao caso. A pintura tem cerca de 100 metros quadrados, foi idealizado pela artista russa Katerina Voronina, com o apoio da organização Anistia Internacional e do museu de arte urbana contemporânea Urban Nation.
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Instalado na lateral de um prédio no bairro de Kreuzberg, ao lado da linha de metrô U1, na capital alemã, o mural faz parte da série “Brave Walls“, que busca chamar a atenção para a necessidade de proteção de ativistas de direitos humanos e já lançou obras semelhantes em mais de 20 países.
Voronina, que mora em Berlim desde 2018, teve a sua pintura selecionada por um júri no segundo semestre do ano passado. A obra levou 10 dias para ser executada, consumiu 50 litros de tinta acrílica.
“Marielle Franco me impressionou profundamente. Ela era uma mulher forte e corajosa, que lutou sem hesitar contra estruturas de poder e infelizmente perdeu a sua vida como resultado disso”, afirmou a artista.
Berlim se tornou o primeiro estado da Alemanha a criar um feriado para o Dia Internacional da Mulher, no ano passado. Na primeira edição do feriado, em 8 de março de 2019, Marielle já havia sido lembrada durante a tradicional marcha das mulheres da cidade.
1.091 dias sem solução
Vereadora de primeiro mandato e atuante em causas sociais, especialmente na luta antirracista e na promoção de pautas feministas e LGBTQ, Marielle foi morta quando tinha 38 anos e logo se transformou, tragicamente, num símbolo internacional.
Na noite de 14 de março de 2018, ela deixou um debate na Casa das Pretas, no centro do Rio, e pouco tempo depois seu veículo foi emboscado por atiradores. Ela e o motorista, Anderson Gomes, morreram no local.
Dois suspeitos de executarem o assassinato foram presos em 2019: o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, acusados de envolvimento com milícia. A investigação apontou que Lessa teria efetuado os disparos, enquanto Queiroz teria conduzido o veículo que seguiu Marielle. Nenhum dos dois foi julgado até o momento.
Mandantes e motivos do crime seguem sem esclarecimentos. Uma série de políticos do Rio de Janeiro figuraram como suspeitos de terem ordenado o assassinato, como o vereador Marcelo Siciliano (PHS), o ex-vereador Cristiano Girão e o ex-deputado Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Todos negam qualquer envolvimento.
Com informações do DW Brasil