
A crítica situação do país, com a imagem destruída no exterior pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), e o caos no Rio de Janeiro fizeram com o jornalista Marcos Uchoa decidisse trocar de frente. Ele deixou o jornalismo após 39 anos de carreira e se filiou ao PSB, onde é pré-candidato a deputado federal.
Uchoa é enfático sobre necessidade de a pauta do meio ambiente ser o ponto de partida das demais políticas. E se surpreende com setores diretamente prejudicados pela péssima gestão bolsonarista ainda apoiem o atual ocupante do Palácio do Planalto.
“Acho surpreendente que o agronegócio possa apoiar Bolsonaro – a não ser o agronegócio tóxico. O agronegócio inteligente, que sabe que não pode matar a galinha dos ovos de ouro, vai ficar sem chuva? E isso já tá acontecendo. A gente vai continuar nisso? A gente vai colher algo muito ruim se a gente continuar destruindo”, pontua ao citar a importância do tema na Autorreforma do PSB.
O jornalista estreante na política contou ao Socialismo Criativo, durante o XV Congresso Nacional do PSB, em Brasília, que em toda a sua carreira, onde foi correspondente internacional por, ao menos, 15 anos, nunca havia sentido o peso de ser brasileiro no exterior, como ocorre atualmente.
“Em minha carreira, já fui a 115 países e sempre fui muito bem recebido como brasileiro. Claro que tem os estereótipos – futebol, carnaval, mulher bonita – é verdade. Mas sempre muito simpático ao Brasil. No ano passado, pela primeira vez na vida, senti as pessoas com nariz meio torcido nos países em que estive. Alguns sabendo que é Bolsonaro o atual presidente e outros colocando tudo no mesmo pacote, já que vivemos em uma democracia. Essa deterioração da imagem brasileira me chocou”, conta.
Por que o PSB?
Marcos Uchoa conta que sua saída do jornalismo tem relação com a vontade de “falar menos dos outros e contribuir realmente com alguma coisa concreta”. Pensou em algumas alternativas e conclui que “nada transforma tanto a vida das pessoas como a política”.
“No Rio de Janeiro, a gente vive uma situação muito grave, cruel. Os cinco últimos governadores foram presos em algum momento – ou ainda estão – e a gente não pode continuar com isso”, enfatiza.
Ele chegou ao PSB para apoiar o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), mas ao conhecer mais de perto o partido, não teve dúvidas.
“Marcelo Freixo tem uma história fantástica e é um ótimo candidato pra quebrar esse ciclo [no Rio]. Só isso já me empurraria para o PSB. Mas, depois que comecei a conhecer melhor as ideias e as pessoas que estão aqui, eu fiquei muito à vontade para escolher o PSB como partido para esse meu início na política”, conta.
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Combate às fake news
Como jornalista, as fakes news também são uma preocupação de Uchoa. Para ele, é preciso recuperar a “noção de verdade, honestidade, decência como a gente foi ensinado como uma coisa básica dentro das famílias”.
Um dos caminhos defendidos pelo jornalista é a regulamentação, que precisa ser amplamente discutida com a sociedade. Ele teme que o controle dos conteúdos continue nas mãos das plataformas e a situação se agrave ainda mais.
“Não se trata de censura da imprensa. A informação é um produto de primeira necessidade. Informação de qualidade é fundamental para a democracia e, como sociedade, temos que participar para definir como se dará esse controle”, defende.