Diante da instabilidade de seu governo, Bolsonaro busca apoio do Centrão em acordo pela liderança do Ministério da Ciência e Tecnologia

Com a queda de Regina Duarte da pasta da Cultura, a mira de Bolsonaro virou para o titular da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes. Na última semana, o ministro havia sido informado, por pessoas próximas e ligadas ao presidente Jair Bolsonaro, que ele pode ser demitido nos próximos dias. As negociações para levar à saída de Pontes fazem parte de um acordo com o Centrão, avalizado pelo núcleo militar da Esplanada.
Alguns dias antes de Regina cair, já se dizia no Planalto que ela não estava entendendo “o jogo bruto da política”. No caso de Pontes, porém, uma outra queda de braço está em curso. A pasta comandada por ele, com orçamento de R$ 14,4 bilhões para este ano, é cobiçado tanto pelo PSD de Gilberto Kassab como por parlamentares evangélicos.
No Ministério das Comunicações, em Brasília, Kassab conta com um aliado. Trata-se do tucano Julio Semeghini, o n.º 2 de Pontes. Semeghini foi um dos articuladores da candidatura do então governador Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência.
O PSD recusa o rótulo de Centrão, mas, embora atue em raia própria, tem proximidade com integrantes do bloco, hoje na linha de frente dos acertos com Bolsonaro para salvá-lo de eventual processo de impeachment, em troca de cargos.
Apesar de ter sido tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), Pontes foi para a reserva com apenas 43 anos, após ficar famoso por ter sido o primeiro brasileiro a viajar para o espaço, em 2006. Ele não tem, no entanto, o apoio dos militares. Além disso, o aval político com o qual Pontes contava no PSL era justamente da ala do partido que rompeu com Bolsonaro.
Diante de uma crise atrás da outra, o presidente se apressa para montar uma base de sustentação no Congresso, adotando a prática do toma lá, dá cá que dizia condenar. O deputado Fábio Faria (PSD-RN), genro do apresentador de TV Silvio Santos, é um dos que mais ajudam o Planalto na tarefa de negociar a possível vaga no Ministério.
Com informações do Estadão.