
Neste sábado (23), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, afirmou que ficou “perplexo” com o vídeo da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o primeiro escalão do governo. Marcada por palavrões, ameaças e ataques a instituições, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, chegou a dizer: “Por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF“.
“Tudo lamentável, ante a falta de urbanidade. Fiquei perplexo. O povo não quer circo. Quer saúde, emprego e educação”, disse Marco Aurélio. “Fosse o presidente (Bolsonaro), teria um gesto de temperança. Instaria o ministro da Educação a pedir o boné. Quem sabe?”, declarou para o Estadão.
Ao levantar o sigilo do vídeo da reunião, o decano do STF, ministro Celso de Mello, apontou aparente “prática criminosa” na conduta de Weintraub, “num discurso contumelioso (insultante) e aparentemente ofensivo ao patrimônio moral” em relação aos ministros da Corte. Para Celso de Mello, a declaração de Weintraub põe em evidência “seu destacado grau de incivilidade e de inaceitável grosseria” e configuraria possível delito contra a honra.
Em sua decisão, Celso de Mello mandou comunicar os colegas do Supremo sobre os ataques de Weintraub para que os ministros, caso queiram, adotem as medidas que considerarem pertinentes.
Mesmo assim, Marco Aurélio não pretende tomar nenhuma medida contra o titular da Educação. “De forma alguma. Não sou vagabundo. A carapuça passou longe”, rebateu o ministro do Supremo.
Indagado pela reportagem do Estadão se vê uma ameaça à democracia nas falas, o ministro foi categórico: “A resposta é desenganadamente negativa. Não vejo. Não há espaço para retrocesso”.