
No dia em que o clã Bolsonaro amanheceu com a ressaca da péssima repercussão do pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, buscou acalmar os nervos nesta quarta-feira (25), eliminando especulações sobre sua saída.
Às vésperas do primeiro caso da pandemia no país completar um mês, o chefe da pasta afirmou que permanece no cargo e que só “quando acharem que já não devo trabalhar”, se “ficar doente” ou quando o “período de turbulência tiver passado” deixará a vaga.
Com 57 mortes e 2.433 casos confirmados em todos os estados do país, Mandetta tratou de alinhar seu discurso ao do presidente, afirmando que as medidas de “quarentena” impostas à população foram “precipitadas” e definidas muito “cedo”.
Buscando, ainda, aplacar quaisquer suposições sobre a sua saída, o ministro pediu união e defendeu que o Brasil precisará sair de toda a crise sem definir “ganhador ou perdedor ou sem “apontar dedos”, para decidir depois quais os melhores direcionamentos para o país.
O chefe da saúde disse, ainda, que o Ministério seguirá trabalhando com “critérios técnicos”, mas que também é preciso propor boas soluções para a economia e demais áreas para que o Brasil siga em frente. “É preciso pensar na economia, mas faremos isso juntos”, definiu.
Depois do presidente trocar farpas com o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), e do governador do Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), anunciar o fim do apoio ao Governo, Mandetta confessou que havia conversado diretamente com Caiado sobre a situação da distribuição dos respiradores aos estados.
Mourão
Paralelamente à coletiva comandada por Mandetta, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) aproveitou uma entrevista sobre ações do Conselho Nacional da Amazônia Legal para tentar, novamente, unificar o discurso.
Depois de Bolsonaro pregar a volta à normalidade e o fim do confinamento em massa na noite de ontem, Mourão assegurou que “a posição governo, por enquanto, é uma só. “A posição do governo é o isolamento e distanciamento social. Está sendo discutido, e ontem o presidente buscou colocar e pode ser que ele tenha se expressado de uma forma que, digamos assim, não foi a melhor”, disse.
Nesta mesma tarde, governadores e prefeitos afirmaram que manterão as medidas de isolamento já adotadas, apesar da fala do presidente. Em teleconferência, os chefes estaduais prometeram discutir como farão para estabelecer a unidade dos estados, ainda que sem apoio de Bolsonaro.