
A futura ex-secretária nacional da Cultura, Regina Duarte admitiu nas redes sociais que o governo Bolsonaro não está preocupado com a cultura. No desabafo publicado por Regina no fim da tarde de sábado (6), em seu Instagram, ela disse ter descoberto que estava mais “enredada num universo muito mais preocupado com ideologias do que com a cultura”.
A manifestação de Regina Duarte pode parecer vaga e até alinhar-se a uma das justificativas de Bolsonaro para a retirada dela da pasta, segundo a qual ela teria “dificuldade” de fazer o embate ideológico. Entretanto, a publicação da atriz reforça a ideia de que o governo não busca perfis técnicos para cargos estratégicos da gestão.
“Minha inexperiência em gestão pública foi crucial para que eu descobrisse, até com certo atraso, que o projeto de cultura com que sempre sonhei era inviável, porque eu estava enredada num universo muito mais preocupado com ideologias do que com cultura”, sublinhou.
Na longa publicação no Instagram, Duarte ensaiou um breve balanço de suas ações na cultura, além de tentar fazer um mea-culpa, disparando contra o que chamou de “torcida nas mídias” contra sua gestão à frente da pasta.
“E por falar em Cultura… aceitei assustada o convite para a missão. Aceitei por amor ao meu país, por paixão irrefreável por arte e cultura, por confiança no governo Bolsonaro. Aceitei porque muita gente, muita gente mesmo, quando cruzava comigo, em qualquer lugar, com o olho brilhando de esperança, dizia: ‘Aceita, Regina’ ”, relembrou.
Os dois meses do “casamento” anunciado com Bolsonaro terminou em fritura. Sem legado, Regina sequer conseguiu pacificar a relação do governo Bolsonaro com o setor da cultura. Ao contrário, ela aumentou esse abismo já existente.
A declaração da atriz pode afetar sua prometida ida para Cinemateca, inviabilizada por entraves legais.
E talvez ela, que permanece na pasta da Cultura, tenha que se explicar a Bolsonaro. Isso porque na postagem Duarte comprova a cobrança do presidente para que gestores do seu governo privilegiem a agenda ideológica anti-progressista, em detrimento a políticas públicas embasadas em ações técnicas.