
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, 38% dos brasileiros acreditam que sua situação econômica vai piorar nos próximos meses. Este é um dos piores índices registrados desde a primeira pesquisa sobre o tema, em 1997. Percentuais semelhantes foram registrados apenas em 2006, com 40% de pessimismo, e em 2014, com 41%.
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Nas duas ocasiões o Brasil estava passando uma grave crise econômica. Em 2006, já no fim da crise econômica deflagrada em 2002, após a primeira eleição presidencial de Luís Inácio Lula da Silva (PT), ocorrida no ano anterior. E a segunda, em 2014, no início da crise iniciada após a reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Pesquisa mostra que o otimismo caiu
Segundo o levantamento, apenas 14% da população mantém alguma esperança de melhora na própria vida financeira, o menor índice registrado desde o início da série histórica. Em dezembro do ano passado 31% da população se declarou otimista, segundo pesquisa realizada também pelo Datafolha.
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Já para 47% dos entrevistados, a sua situação econômica irá permanecer como está, um porcento a mais do que na pesquisa de dezembro. As opiniões foram obtidas em entrevistas telefônicas realizadas nos dias 15 e 16 de março com 2.023 brasileiros de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Esperança no país é ainda menor
Quando perguntados sobre a situação econômica do país, os entrevistados se mostraram ainda mais pessimistas. Se em dezembro 41% dos brasileiros acreditavam que o contexto iria piorar, hoje 65% já assume pessimismo em relação à situação. Anteriormente, o pior número obtido para este questionamento, 60%, havia sido registrado em março de 2015 durante o governo Dilma, o que leva o atual percentual ao recorde da série histórica.
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Curiosamente, na primeira pesquisa realizada após a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido), 65% dos brasileiros acreditavam que a economia brasileira iria melhorar. Grupo que hoje conta com apenas 11% dos entrevistados.
Recortes entre os brasileiros
As mulheres são as mais pessimistas do que homens. Elas somam 71%, frente a 59% dos homens. Nas regiões Sul (67%), e Sudeste e Nordeste (66%), também há mais descrentes na melhora econômica nacional do que no Norte e Centro-Oeste (59%).
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Desempregados (71%) e servidores públicos (69%) também fazem parte do grupo mais desanimado com a política econômica do atual governo. No recorte relativo à renda, entre os que recebem acima de 10 salários mínimos (67%) e, 65% para os que recebem até dois. A pesquisa também considerou os beneficiários do auxílio emergencial, entre os quais 67% declararam pessimismo. Entre os que não participaram do programa, a pesquisa registrou 64% de insatisfeitos.
Cenário atual provoca incertezas
Um dos motivos para tamanha desesperança entre os brasileiros é a pandemia da Covid-19 e a maneira como o governo federal vem atuando na gestão da crise. Demora na aquisição de vacinas; negacionismo; ausência de uma política ampla e nacional para fortalecimento do sistema de saúde; medidas de isolamento e fechamento do comércio sem contrapartidas que garantam a sobrevivência de pequenos empresários; entre outros, criam um sentimento de incerteza na população.
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Um novo levantamento mostrou que a popularidade do presidente caiu. Além disso, tanto a avaliação do governo quanto a da gestão da pandemia e seus efeitos, bateram recordes negativos nas últimas semanas, aliada a um assustador aumento no número de mortes causadas pelo coronavírus.
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Com isso, 46% da população já defende que o Congresso Nacional abra um processo de impeachment de Bolsonaro, enquanto outros 50% ainda não estão confortáveis com a ideia do impedimento do presidente.