
Documentos inéditos revelados pelo projeto Open Lux, do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), consórcio internacional de jornalismo investigativo, revelaram que Inês Maria Neves Faria, mãe do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), é beneficiária no exterior de uma empresa baseada em Luxemburgo, cujos ativos chegam perto de R$ 4 milhões.
A mãe do tucano já havia sido citada como elo com duas offshores conhecidas pelos investigadores da Lava Jato. A existência de mais uma empresa, a Domomedia Investment Holding, baseada em Luxemburgo, paraíso fiscal europeu, está documentada nos dados obtidos pelo OCCRP.
A denúncia foi publicada pela revista Piauí nesta quinta-feira (11). Segundo a reportagem, o jornal francês Le Monde obteve acesso ao banco de dados oficiais do governo de Luxemburgo com documentos sobre empresas registradas naquele país, conhecido paraíso fiscal.
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Ao contrário das outras duas offshores com as quais a mãe do tucano tem ligação, sediadas em Liechtenstein e no Panamá, a empresa em Luxemburgo nunca apareceu nas apurações do Ministério Público Federal sobre o deputado. O parlamentar é investigado por corrupção em um inquérito e responde a uma ação penal, também por corrupção.
A mãe de Aécio Neves é um dos 64 mil beneficiários de 140 mil empresas instaladas em Luxemburgo, reveladas pelo OCCRP. O material divulgado mostra que há, pelo menos, 358 brasileiros ou residentes no Brasil cujos ativos totalizam € 112,6 bilhões – ou R$ 722,6 bilhões, em valores corrigidos até fevereiro de 2020.
Inês Maria Neves Faria, que completará 82 anos no próximo dia 27 de fevereiro, é sócia dos filhos Aécio e Andrea Neves em empresas no Brasil. Ela foi citada lateralmente em um inquérito e uma ação penal sobre Aécio em curso no Supremo Tribunal Federal. No inquérito, sobre a estatal de energia Furnas, a mãe aparece como beneficiária final de uma offshore em Liechtenstein e de uma conta bancária ligada à offshore do Panamá.
A suspeita do MPF é que as duas empresas tenham sido usadas para transferir dinheiro originário do esquema de propinas de Furnas, e, segundo documento anexado aos autos do inquérito, “é forte a possibilidade” de que, por meio delas, Inês Faria tenha colaborado com o pagamento de vantagem indevida ao filho.
Com informações da Piauí