
Nesta quinta-feira (12), é celebra o Dia da Enfermagem. A data foi instituida para homenagear as contribuições dos profissionais da enfermagem para a sociedade e para a manuntenção da saúde. De acordo com dados mais recentes da Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), existem 2,54 milhões de enfermeiros, técnicos e auxiliares em enfermagem no Brasil.
Na última semana, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que fixa em R$ 4.750 o piso nacional salarial de enfermeiros. A proposta, agora, aguarda sanção presidencial depois de um acordo sobre fontes de financiamento.
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Para o deputado deputado federal Mauro Nazif (PSB-RO), grande defensor dos direitos dos profissionais da saúde, a fixação de um piso salarial para a categoria é o “reconhecimento do importante trabalho” e garantia de “mais qualidade de renda e melhores condições de trabalho” para a categoria.
“A aprovação não só incrementa a renda do enfermeiro e da enfermeira, mas faz com que esses profissionais tenham maior liberdade em investir no aperfeiçoamento próprio, considerando que o profissional não terá o receio da renda não ser suficiente para a sua casa”, declara em entrevista para o Socialismo Criativo. “É o básico. É o reconhecimento do enorme e importante trabalho feito pela categoria”.
O enfermeiro do Instituto Hospital de Base (IHB), Lucas Samuel de Lima, concorda com o socialista, reinterando que o estabelecimento do piso salarial para a enfermagem foi uma “grande e cansativa luta por um direito mínimo”.
“A mobilização não é de hoje ou de ontem. Desde que me entendo como profissional da enfermagem que luto pela garantia do direito mínimo de renda. E vivendo em uma país onde a saúde foi abandonada pelo governo federal, a aprovação do tão esperado piso é resultado de uma grande e cansativa batalha”, afirma.
Durante os cinco anos de profissão, Samuel declara que, por diversas vezes, precisou de “bicos” para complementar a renda dentro de casa. “Quando vinha o salário, as contas simplesmente não batiam. Então não teve escapatória e tive que trabalhar por diárias e até fazendo bicos em outras áreas que não eram relacionadas à saúde”, narra.
Segundo levantamento da Cofen, 27,4% dos profissionais de enfermagem trabalhavam em mais de um emprego para sobreviver e sustentar a família em 2021.
Importância da enfermagem
“Falar em saúde e não falar da enfermagem, é como esquecer uma das parcelas mais necessárias para a manuntenção da saúde. Eles são a linha de frente de um hospital. Representam de 70% a 80% dos profissionais dentro de um hospital. Nem em imaginação tem como pensar em um cenário sem eles na saúde pública”, reforça Nazif.

De todos os profissionais de saúde existentes no País, os enfermeiros representam mais de 50% do número total. As informações são da Cofen.
O socialista conta que, como médico, conhece a realidade da categoria em seu dia a dia. O fato, segundo ele, é a “força-motriz” do seu apoio e luta pelos profissionais de saúde. “Do auxiliar ao enfermeiro, todos são necessários para a necessidade. Trabalham até sua exaustão para garantur a saúde do povo brasileiro. Se isso não apetece o coração de alguém e o faz querer lutar pelos trabalhadores, não sei mais o que faz”, reforça.
Nazfi está certo. Durante a ápice da crise sanitária causada pela pandemia da Covid-19, a situação, que já era difícil, ficou ainda pior.
De acordo com dados da pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no contexto da Covid-19 no Brasil“, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a pandemia alterou de modo significativo a vida de 95% da categoria. 15,8% dos profissionais de saúde sofrem com perturbação do sono, 13,6% relatam irritabilidade e choro frequente, 11,7% afirmaram incapacidade de de relaxar e com sensação de estresse, 9,2% relataram dificuldade de concentração ou pensamento lento, 9,1% tem perda de satisfação na carreira ou na vida.
O levantamento ainda apontou que 8,3% dos profissionais afirmaram ter pensamentos negativos ou suicidas e 8,1% enfrentaram alteração no apetite e/ou mudança de peso.
“Durante a pandemia, todos os profissionais da saúde sofreram com a tensão no trabalho. Mas os enfermeiros e enfermeiras puderam experimentar, de perto, o que realmente é testar seus limites”, declarou Nazif. “Para eles, todo o reconhecimento é ínfimo. Conquistamos um deles com a aprovação do piso. Agora, vamos lutar por outros mais”.
Mauro Nazif também reintera a necessidade de estabelecer a jornada de 30 horas semanais para a categoria.