
Por Marcelo Hailer
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), declarou nesta quarta-feira (4) que não existem evidências que comprovem fraude nas urnas eletrônicas, mas defendeu uma auditagem “mais transparente” para evitar que a eleição seja contestada.
Dessa maneira, Lira endossa uma bandeira que tem sido defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que está em campanha pela instituição do voto impresso.
Além disso, o presidente tem dito que a eleição de 2022 pode não acontecer se não for por meio do voto impresso.
Lira defendeu “voto auditável” em entrevista
A declaração de Arthur Lira foi dada durante entrevista à rádio Bandeirante, onde falou sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso.
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O relatório da PEC do voto impresso deve ser apreciado pela comissão especial da Câmara nesta quinta-feira (5).
“Eu não tenho nenhum fato relevante que eu possa falar que houve fraude nas urnas eletrônicas. Eu não posso desconfiar do sistema em que eu fui eleito”, declarou Lira.
Em contrapartida, o presidente da Câmara afirmou que, “se não há problemas não há por que nós não chegarmos numa situação de termos uma auditagem, seja lá de que maneira for, de forma mais transparente, para que não se tenha uma eleição, independente de quem seja eleito, contestada”.
Decisão será tomada pelo Congresso
O presidente da Câmara também ressaltou que a questão do voto impresso será decidida pelo legislativo e que a solução ou não sobre o assunto será dentro do Congresso.
Também lembrou que há um PEC aprovada pela Câmara em 2015 que trta da impressão do registro do voto, que seria depositado em local lacrado, sugestão que também está presente no texto que está sendo discutido na comissão especial na Câmara dos Deputados.
“Essa PEC está no Senador Federal […] até hoje, de 2015 a 2021, não se pronunciou se quer votar ou não essa PEC. Portanto, ela não teve a urgência que a Câmara deu no Senado Federal”.
Por conta disso, Lira levantou a questão se faz sentido aprovar outra PEC correndo o risco de ficar, também, paralisada no Senado.
“Porque se não votar uma que está lá desde 2015, não vai aprovar uma que vai aprovar desde 2021. Nós estamos perdendo tempo, energia, muitas vezes gerando atritos entre instituições democráticas que são necessárias para o equilíbrio do Brasil de maneira que não trará benefício nenhum”, analisou.
Com tal discurso, Arthur Lira acena para o presidente Bolsonaro, que tem defendido o voto impresso como condição para que a eleição de 2022 seja realizada.
“Não tenho provas”, confessa Bolsonaro
Conforme já era esperado, o presidente Jair Bolsonaro não cumpriu a promessa de mostrar “provas” de suposta fraude eleitoral que teria ocorrido nas eleições de 2018 e 2014 durante transmissão ao vivo realizada nesta quinta-feira (29). O mandatário usou o tempo para mostrar vídeos desconexos, fazer campanha eleitoral antecipada para 2022 em TV pública, e insinuações contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
Após Bolsonaro ficar cerca de 40 minutos repetindo o mesmo discurso que sempre faz, o governo exibiu um vídeo de um youtuber que simula uma urna eletrônica. Sem qualquer explicação mais aprofundada, o vídeo mostra “votos” sendo alterados a partir de uma programação em uma animação.
Não há qualquer análise de código-fonte ou do sistema da urna eletrônica, apenas uma animação com votos sendo alterados, o que não pode ser considerado prova ou indício de fraude.