
A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) anunciou a apresentação de um requerimento para criação de uma Comissão Temporária Externa (CTE) na Câmara para acompanhar os impactos da pandemia da Covid-19 na vida das mulheres brasileiras.
O grupo terá como objetivo levantar e analisar dados referentes a quantidade mulheres mortas e infectadas pelo coronavirus. Além disso, outros aspectos como aumento da carga de trabalho, violência doméstica, sobrecarga de trabalho não remunerado e desemprego também serão verificados.
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“As mulheres são maioria entre os mais pobres, vulneráveis e chefes de famílias monoparentais. Por conseguinte, as que mais sofrem com a diminuição na renda e interrupção no pagamento do auxílio emergencial […] São também as que mais sofrem com a impossibilidade de cumprir medidas básicas de prevenção como isolamento social, distanciamento das pessoas adoecidas em suas residências e, até mesmo, acesso à água e sabão para higiene das mãos”, afirma a justificativa do projeto.

A solicitação foi apresentada pela parlamentar do PSB em conjunto com a coordenadora da Frente Parlamentar com Participação Popular Feminista Antirracista, Talíria Petrone (PSOL-RJ). Além delas, assinam o documento as deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA), Erika Kokay (PT-DF), Joênia Wapichana (Rede-RR) e Tereza Nelma (PSDB-AL).
No requerimento de criação da Comissão, as congressistas citam um estudo elaborado pelaUniversidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que as mulheres são mais infectadas que os homens – 56% a 44%. “Isso pode se dar em razão de diferentes fatores, mas o que nos chama atenção é a possiblidade de as mulheres vulnerabilizadas serem a população que está ao maior nível de exposição à doença. É inegável que a maior parte do trabalho de cuidado é destinada às mulheres”, diz o texto.
Em suas conclusões, os pesquisadores afirmam que há semelhanças e diferenças entre os impactos da pandemia aqui e no resto do mundo.
“Sem dúvida alguma, estamos vivenciando uma pandemia que nada tem de democrática. Segundo os boletins epidemiológicos do governo federal, em que pese a baixa qualidade dos dados desagregados oferecidos pelo Ministério da Saúde, é possível constatar que as pessoas negras são mais hospitalizadas e morrem mais de covid-19 e Síndrome Respiratória Aguda Grave”.