
Na reta final do segundo turno das eleições municipais, a campanha do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e do candidato à reeleição Marcelo Crivella (Republicanos) se tornou um jogo envolvendo fake news e acusações cunho religioso.
Na última pesquisa Ibope, divulgada no dia 18, Paes aparecia com 53% das intenções de voto e Crivella tinha 23%. O republicano, que teve apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda é rejeitado por mais de 60% da população, que considera seu governo ruim ou péssimo.
Numa tentativa desesperada de desconstruir o adversário, Crivella tenta associar Paes ao PSOL, um partido de esquerda, adversário do DEM. Em ataques mais duros, o prefeito ainda liga o candidato a suposto “kit gay” e até à pedofilia.
Em uma dessas tentativas, Crivella aparece em vídeo ao lado do deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ). Na peça, afirmam que Paes teria um acordo com o PSOL, pelo qual o partido de esquerda assumiria a Secretaria de Educação. Alegam que, com isso, haveria “pedofilia nas escolas”. A afirmação não tem base em fatos.
Na televisão, o discurso contra o líder das pesquisas segue na mesma linha. Segundo vídeo, além de Paes apoiar o “kit gay”, ele também defenderia a “ideologia de gênero” e a legalização das drogas.
“O Crivella praticamente declarou a derrota. Não é uma estratégia de tudo ou nada, é uma estratégia de desespero. Parece-me que não é nem uma forma de desconstruir o adversário, e sim de se posicionar como oposição a partir do dia 29 de novembro”, diz o cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Campanha de Paes
A campanha de Paes não fica muito atrás nos ataques e também passou a direcionar críticas diretamente ao adversário, com um toque de apelo religioso. Tem apontado Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, como “o pai da mentira”, um dos apelidos do diabo.
“Ao insistir no discurso de que o adversário é o pai da mentira, ele cria uma maneira de neutralizar qualquer fala do Crivella”, avalia Baía.
Também estão sendo divulgados o que seriam os “sete pecados” de Crivella. São citados na campanha: incompetência, omissão, falsidade, fraqueza, hipocrisia, “trairagem” e a mentira. Nesse quadro, o ex-prefeito literalmente demoniza o adversário. Usa fundo vermelho e caricatas letras de filmes de horror do passado.
Com informações do Estadão